Está prevista a substituição das praças de pedágio comuns por pórticos, estruturas bem mais simples e que demandam menor manutenção. Porém, essa não é a única mudança que o Free Flow, um sistema de livre passagem sem as cancelas e com uma cobrança mais proporcional ao número de quilômetros rodados, pretende trazer às rodovias brasileiras.
“As experiências piloto são muito importantes porque se aprende a partir dessas experiências limitadas, restritas, para depois desenvolver um sistema que seja mais adequado e funcione melhor”, explica o professor Claudio Barbieri, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP. O free flow foi aprovado e, como disse o professor, está em fase de testes. Os primeiros pórticos foram inaugurados em alguns trechos da BR-101 e também na rodovia Ayrton Senna (SP-070).
Sistema
A passagem vai funcionar por meio do uso de uma tag, isto é, uma etiqueta eletrônica que pode ser colada, geralmente, no lado de dentro do carro, no parabrisa; ou também pela identificação da placa. “O motorista que já tem a etiqueta eletrônica, aquela que ele já usa nos pedágios convencionais para não ter que parar, vai continuar usando essa técnica: para ele não mudou nada. Para aquele motorista que frequenta uma rodovia que passa a ter essa cobrança pelo free flow, a diferença é que ele vai receber uma cobrança pelo correio ou algum outro meio de comunicação, dizendo que ele está devendo essa tarifa”, acrescenta Barbieri. Nos casos em que o motorista não possui uma tag, o pagamento pode ser realizado via Pix, no banco, ou também por outros meios oferecidos pela concessionária da rodovia.
O professor analisa que, com a substituição das praças comuns, pode haver uma alteração no preço da tarifa: “No momento em que a concessionária pode substituir uma praça de pedágio, que é uma estrutura que exige manutenção, tem vários equipamentos e muitos funcionários trabalhando 24 horas, por uma estrutura de cobrança automática muito mais barata, pode até ser possível reduzir a tarifa de pedágio”. Ele também coloca que até um desconto para os usuários mais frequentes seria planejável.
Atualmente, o sistema está híbrido por conta da fase de testes, mas Barbieri crê que essa mudança não vá ser tão rápida: “Eu acho que as praças de pedágio vão desaparecer gradativamente. Acho que não vai eliminar todas de uma hora para outra”.
Objetivos
O professor indica que o projeto Free Flow possui diversos objetivos: “Eu acho que o objetivo principal é diminuir os gargalos e os congestionamentos. Também é preciso aumentar a segurança, e outro aspecto que a gente não pode esquecer é o aspecto de cobrar uma tarifa um pouco mais próxima da utilização real de cada usuário da rodovia”. O menor custo do pórtico em comparação com as cabines antigas torna possível a instalação de praças com uma distância reduzida entre elas: “Hoje você não pode fazer uma praça de pedágio a cada cinco quilômetros, as praças de pedágio em geral estão distanciadas de 30 a 40 quilômetros. Muitas pessoas têm a sensação de que elas estão pagando muito pedágio. O modelo do free flow vai permitir uma cobrança mais justa, porque esse pórtico pode ser instalado a cada 5 km e acaba que a cobrança pode ser feita de maneira proporcional à distância percorrida”.
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