Reitor participa de fórum com empresários para discutir a inclusão social e a equidade racial nas empresas

Carlotti falou sobre o USP Diversa, um programa de doação para pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse em financiar bolsas para estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica

 18/11/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 21/11/2022 as 16:34
Por
O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior (à esquerda), e o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, participou nesta sexta-feira, dia 18 de novembro, da segunda edição do Fórum Internacional Empresarial pela Equidade Racial, organizado pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e pelo Movimento pela Equidade Racial.

O encontro aconteceu na Universidade Zumbi dos Palmares e reuniu lideranças nacionais e internacionais do setor privado, do poder público e da sociedade civil para debater o compromisso das empresas com a agenda racial e o combate ao racismo.

“Hoje não é um bom dia, é um ótimo dia. Hoje, estamos todos nós, negros e brancos, sentados no mesmo auditório para dizer que essa luta importa, que essa luta é nossa e que nós queremos um país de iguais”, afirmou o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, que também falou sobre a criação da instituição, a qual preside e que foi inspirada na Universidade Howard, criada em 1867, nos Estados Unidos, para a formação de jovens negros.

Durante o evento, o reitor da USP explicou que a atual gestão reitoral tem como meta desenvolver projetos em três linhas principais de atuação: inovação, sustentabilidade e inclusão e pertencimento. Carlotti apresentou o USP Diversa, um programa de doação para pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse em financiar bolsas para estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

“O USP Diversa já oferece mais de 300 bolsas de permanência para estudantes de graduação e nossa meta é ampliar o número de empresas patrocinadoras. A USP está se preocupando cada vez mais com a empregabilidade dos nossos alunos. Acreditamos que essas bolsas também permitem maior participação desses alunos com a empresa, aumentando a possibilidade de estágios e contratações”, afirmou o reitor.

Pela igualdade da pessoa humana

O evento contou com a palestra da ativista dos direitos humanos e ex-ministra da Educação de Moçambique, Graça Simbine Machel Mandela. “57% da população brasileira tem sangue negro – portanto, mais do que a metade da população -, mas isso não se traduz na forma de estruturar o Estado brasileiro, não se traduz na desconstrução da desigualdade e na construção de uma igualdade. E não estou a falar disso porque sou negra, falo porque sou uma pessoa. Os preconceitos foram construídos por pessoas e, por isso, são as pessoas que têm o poder de desconstruí-los”, explicou.

Para Graça, “em um primeiro momento, é preciso dar instrumentos de pertencimento, de gestão, de capacitação para aqueles que têm sido marginalizados. Mas, depois disso, o apartheid racial precisa desaparecer para que possamos caminhar lado a lado, misturando as raças. Somos iguais na dignidade humana, temos que aprender a olhar nos olhos uns dos outros como seres humanos iguais e não como pretos e brancos, perpetuando a construção desigual que nós criamos”.

“É importante termos uma semana de consciência negra, mas penso que esta inquietação deve penetrar também nas outras 51 semanas do ano”, disse Graça Machel

E acrescentou: “A igualdade não é só uma questão de direitos humanos, é também uma estratégia de desenvolvimento econômico dessa sociedade, utilizando a força produtiva que está sendo ignorada, subutilizada, para tornar o Brasil mais justo e mais rico em termos de alternativas e visões, capaz de utilizar todas as forças e energias disponíveis. É importante termos uma semana de consciência negra, mas penso que esta inquietação deve penetrar também nas outras 51 semanas do ano. A consciência negra tem que ser uma forma de ser, de estar, de pensar, de transformar, todos os dias”.

Nascida em Moçambique, em 1945, Graça é graduada em Filologia da língua alemã pela Universidade de Lisboa. Foi casada com o primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, e com o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa da USP, em 2010.

Em seguida, mais de 50 presidentes de grandes empresas se reuniram para fazer a leitura de uma carta, apresentando o atual momento da agenda racial no meio corporativo e reafirmando compromissos com a adoção de ações afirmativas para a promoção da equidade.

No evento, foram divulgados os resultados do Índice de Equidade Racial Empresarial (Iere), que avalia a ação das empresas em torno da temática racial, considerando o recenseamento empresarial, conscientização, recrutamento, capacitação, ascensão, publicidade e engajamento.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.