Artigo publicado no The Journal of Physical Chemistry C., Washington, EUA, traça um panorama sobre os avanços das pesquisas brasileiras e aponta os principais desafios que deverão ser enfrentados para que estas continuem crescendo. O autor do artigo é o pesquisador Osvaldo Novais de Oliveira Junior, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.
Oliveira Junior aponta a pós-graduação brasileira como sendo uma das principais responsáveis pelo crescimento da ciência no País – o número de mestres e doutores formados no Brasil aumentou no mesmo ritmo da produção científica. Em 2015, cerca de 16.700 doutores se formaram nas universidades brasileiras.
Membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Osvaldo enfatiza o grande avanço verificado na ciência brasileira e afirma que ela foi responsável por 2,7% da produção científica mundial. Como exemplo, aponta o número de publicações de artigos científicos sobre físico-química. Metade dos artigos brasileiros, nesse campo de pesquisa, foi publicado ao longo dos últimos dez anos. Na contabilidade geral de todas as áreas, em 1981, foram publicados apenas dois mil artigos científicos de pesquisadores atuando no Brasil. Em 2014, esse número superou quarenta mil artigos.
Qualidade e inovação
De acordo com o pesquisador, embora haja um número expressivo de artigos brasileiros publicados em revistas científicas nacionais e estrangeiras, em sua opinião, é necessário aumentar o impacto das pesquisas geradas no Brasil, sobretudo os de inovação tecnológica. A seu ver, esse cenário se configura por falta de investimento, ambiente econômico incerto e legislações desfavoráveis. Ele enfatiza que o que o Brasil tem base tecnológica sólida apenas em algumas áreas, mais especificamente no agronegócio, na extração de petróleo em alto mar e na produção de aeronaves de médio porte, sendo que em cada uma dessas áreas é possível identificar iniciativas e instituições de pesquisa e desenvolvimento que colocaram o Brasil como um dos líderes mundiais.
Soluções
Segundo Oliveira Junior, para que os artigos nacionais tenham mais impacto, é necessário desenvolver pesquisas com mais qualidade. Para isso, cita dois desafios que devem ser superados: o primeiro consiste na formação de mais cientistas qualificados; e o segundo diz respeito à oferta de infraestrutura mais adequada, como implementação de novos laboratórios nacionais e suporte de pessoal. Outras questões relacionadas aos desafios ganharam especial destaque no artigo, como a atração de mais pesquisadores estrangeiros e uma melhor distribuição geográfica das pesquisas porque a metade da produção científica se concentra em São Paulo.
O pesquisador conclui dizendo que o Brasil tem demonstrado que pode oferecer contribuições relevantes, porém, para que isso ocorra, deve haver esforços e ações conjuntas envolvendo governos, agências de fomentos, instituições de pesquisas e setores privados.
Com informações da Assessoria de Comunicação do IFSC