Cultura oceânica propõe trabalho de educação e conscientização sobre o mar

Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP, explica os sete princípios essenciais da chamada cultura oceânica, movimento que surgiu nos EUA como forma de disseminar cuidados com o oceano

 21/02/2022 - Publicado há 2 anos
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O oceano tem a possibilidade de diversificar uma série de atividades – Foto: Pixabay
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A conscientização da importância dos mares e oceanos merece e precisa de um trabalho constante. Mais de 70% da superfície do planeta é coberta por água. Apenas 3% correspondem à água doce e o restante, 97%, está nos mares e oceanos, ou seja, água salgada. Infelizmente é comum vermos acidentes que causam grandes estragos, além da ação do homem poluindo as águas. Um dos trabalhos que buscam disseminar esse cuidado é feito a partir da cultura oceânica. Originada nos Estados Unidos, ela é também conhecida como alfabetização oceânica, literacia oceânica e mentalidade marítima, como diz Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.

Esse tema originou um movimento na virada do milênio e de forma muito abrangente vem preencher um espaço importante no mundo, trazendo reflexões sobre a importância do desenvolvimento sustentável do ambiente dentro desse contexto. “O oceano é parte desse entendimento e amparou na virada do milênio um movimento que pretendia entender quais eram as lacunas de conhecimento, os temas, os princípios, os conceitos que precisavam permear o ensino formal, para que a sociedade como um todo tivesse a oportunidade de conhecer a importância do oceano e também criar uma rede integrada de pessoas preocupadas, interessadas em promover uma mudança na condição que o oceano enfrentava, especialmente as tendências de degradação que a gente vivencia.” 

Cultura oceânica

Criado nos Estados Unidos, o movimento se expandiu pela Europa, Irlanda e veio para o Brasil e outros países, sendo facilitado pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Procurando compreender o sistema que se deseja preservar e entender, os porquês dessa preservação e seu uso sustentável, a cultura oceânica conta com sete princípios essenciais. O primeiro é que a Terra tem um oceano global e muito diverso. O segundo diz que o oceano e a vida marinha têm uma forte ação na dinâmica da Terra. O terceiro, de que o oceano exerce uma influência importante no clima. O quarto, de que o oceano permite que a Terra seja habitável.  O quinto diz que o oceano suporta uma imensa diversidade de vida e ecossistemas. O sexto afirma que o oceano e a humanidade estão fortemente interligados dentro de um sistema socioecológico e, por último, que há muito por descobrir e explorar do oceano. 

Alexander Turra – Foto: Reprodução/IEA USP

Para conscientizar e promover a cultura oceânica, são necessárias ações e material que permitam aos educadores repassar essas informações, além de  outros conteúdos, como o Especial Oceano divulgado no Jornal da USP e na Rádio USP. O professor Turra lembra que “a base nacional curricular comum não traz uma ênfase ao oceano para que se tenha claramente os temas oceânicos sendo utilizados no currículo. É necessário gerar material que ampare os educadores, para que eles possam utilizar exemplos para trabalhar temas dos mais variados. A Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano oferece a Oceanoteca. O podcast Conservação em Prosa, feito em conjunto com a conservação florestal, permite acesso às pesquisas que são feitas nas unidades de conservação marinhas e costeiras do Estado de São Paulo para os educadores trabalharem as temáticas em suas aulas.

Na Rádio USP e no Jornal da USP há o Especial Oceano, em que é trabalhado o jornalismo científico e a divulgação científica, além de trazer diferentes temas que são descobertos e debatidos para a sociedade em geral”. Segundo o professor, o oceano tem uma possibilidade de diversificar uma série de atividades, incluindo as energias limpas e renováveis com base em ondas, vento, maré, gradientes de temperatura e salinidade, que equivalem à fronteira a ser desbravada para se transitar da energia baseada em combustíveis fósseis para uma mais limpa e renovável. 


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