Investimento em saneamento básico retorna em benefícios à saúde

Wanderley da Silva Paganini e Gonzalo Vecina Neto comentam os problemas causados à saúde pela falta de saneamento, uma realidade presente na vida de muitos brasileiros

 08/10/2021 - Publicado há 2 anos
Por
São muitas as doenças provenientes da falta de água limpa ou de saneamento básico – Foto: Guga Neto / Flickr

O governo federal aprovou em julho de 2021 o Marco Legal do Saneamento, que tem como meta alcançar a universalização dos serviços de saneamento básico até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto.

O saneamento é tudo aquilo que pode melhorar ou afetar a qualidade de vida das pessoas, ou seja, é muito mais do que água potável, destino do lixo ou esgoto. É o controle de alimentos, controle de vetores, limpeza urbana, medicina preventiva, entre outros itens.

O saneamento faz uma barreira sanitária entre o indivíduo e o meio ambiente e um bom exemplo é o simples ato de lavar as mãos ou a limpeza de uma caixa d’agua. São atos e ações que protegem pessoas e consequentemente o meio ambiente.

Água limpa e potável é sem dúvida um dos fatores mais importantes, segundo o engenheiro sanitarista Wanderley da Silva Paganini,  professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e consultor ambiental que trabalhou na Sabesp por 43 anos.

As doenças originárias da falta de água limpa ou de saneamento básico são muitas: gastroenterite, diarreia, desinteria bacteriana, cólera, hepatite A, verminoses, arboviroses, leptospirose, febre tifoide, entre muitas outras. A mortalidade infantil também está relacionada à questão sanitária e à falta de uma infraestrutura adequada.

Se fossemos enumerar as doenças, a primeira da lista seria a diarreia. Só para se ter uma ideia, 88% das mortes por diarreia no planeta são causadas pelas precárias condições de saneamento. Outra doença grave é o rotavírus, que registra 40% das internações de crianças de até 5 anos.

Quando se investe em saneamento básico, o retorno aparece na área da saúde. “A cada real investido em saneamento, o setor público economiza R$ 4 em medicina curativa. Mas esse número é relativo, porque esse investimento muda conforme o bairro da cidade. Se esse mesmo real for investido na periferia da cidade, com certeza a economia será bem maior, cerca de R$ 6 a R$ 8 na medicina curativa”, avalia Paganini.

Mais de 60% dos municípios não têm locais adequados para o destino final do lixo. O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, explica que a questão sanitária atinge diretamente o meio ambiente, como o destino dos lixões e do lixo industrial. “A Universidade de São Paulo participa, através de seus professores, técnicos e pesquisadores, com a geração de propostas, soluções e alternativas, mas a execução está fora dos muros da universidade”, mensura Vecina.

O Brasil tem 83% de atendimento com abastecimento de água e 53% com esgotamento sanitário. As variações mudam em função das regiões brasileiras, de acordo com o engenheiro sanitarista Wanderley Paganini. “O abastecimento de água atinge apenas 170 milhões de habitantes dos 210 milhões de brasileiros”, avalia.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.