Parceria entre Brasil e Índia deve valorizar o etanol no mercado mundial

A aliança dos principais produtores de cana-de-açúcar do mundo pretende transformar o etanol em “commodity”, beneficiando sustentabilidade, economia e a sociedade

 15/06/2021 - Publicado há 3 anos
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Arte: Jornal da USP

 

Um mundo com combustível mais barato e um meio ambiente mais saudável, principalmente pela qualidade do ar, ainda parece cenário de filme de ficção, mas pode estar mais perto da realidade, com a transformação do etanol em uma commodity – produto de origem primária, com alto valor comercial estratégico, é o que garantem pesquisadores e profissionais do agronegócio brasileiro. 

Para virar realidade, o que parecia até agora utópico, deve unir num futuro próximo o útil ao agradável com a aliança entre Brasil, maior produtor de etanol de cana-de-açúcar do mundo, e Índia, maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Os dois países querem que tecnologias, que permitem a adição de etanol na gasolina, façam parte das matrizes energéticas de países do mundo inteiro, transformando o combustível em commodity, movimento que pode trazer uma série de benefícios para a população mundial, a curto, médio e a longo prazo.

Fábrica de etanol em Piracicaba, interior de São Paulo – Foto: Wikimedia Commons

 

O que é uma commodity?

Commodity é um produto em estado bruto ou de simples industrialização, comercializado nas bolsas de mercadorias e valores no mundo todo e que possui um valor comercial estratégico. Esses produtos têm extrema importância na economia e a oscilação de seus preços internacionais influencia na indústria e também no comércio, que contarão com matérias-primas mais caras ou mais baratas para a produção e comercialização de suas mercadorias.

Segundo o professor Marcos Fava Neves, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, a commodity é, antes de tudo, um produto que deve ser padronizado, que “segue determinadas características, independentemente do produtor”, seja na qualidade, no tamanho ou até mesmo na umidade, como o petróleo, o carvão mineral e a soja.

Benefícios

Com a adição de etanol na gasolina, “as emissões de CO2 serão diminuídas, trazendo um meio ambiente muito mais favorável para as futuras gerações”, destaca Paulo Montabone, diretor da Fenasucro & Agrocana, principal feira de bioenergia e do setor sucroenergético da América Latina. Ele ainda reforça que a adição de etanol na gasolina deve deixar o combustível mais barato para a população.

Já para Fava Neves, os benefícios de adicionar etanol na gasolina vão além da sustentabilidade e da economia. “Como o etanol é gerado no interior do Brasil, gera mais empregos e, portanto, beneficia até mesmo as questões sociais no País.”

Desafios

Segundo o professor Fava Neves, o principal desafio de transformar um produto em commodity é “atingir um padrão”. Para isso, diz o professor, é necessário lidar com qualidade, armazenagem e uma série de processos para garantir que o produto seja padronizado. E a transformação do etanol em commodity, como planeja o Brasil, pode ter ainda mais dificuldades.

Para Montabone, o principal desafio “é a introdução da tecnologia brasileira em outros países”. E é nessa questão que entra a parceria com o governo indiano, que criou um protocolo que vai introduzir 20% de etanol na gasolina daquele país, o segundo mais populoso do mundo. Com a Índia promovendo essa tecnologia, a expectativa é de que mais países se interessem e produzam o biocombustível, e, avalia o diretor, “quanto mais países produzirem etanol, maiores serão as chances de fazer com que esse produto se transforme em uma commodity”.


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