Conscientização sobre o HPV cresceu, mas ainda está aquém do ideal

É o que diz a professora Heloisa de Andrade Carvalho, que, juntamente com o também professor Jesus de Paula Carvalho, participa da estratégia global da OMS para a erradicação do câncer de colo de útero

 23/11/2020 - Publicado há 3 anos

O Jornal da USP no Ar recebeu hoje (23) os professores da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Jesus de Paula Carvalho, também médico chefe da equipe de Ginecologia Oncológica do Instituto do Câncer (Icesp), e Heloisa de Andrade Carvalho, coordenadora médica do Serviço de Radioterapia do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas (HC) e médica do Icesp, para tratar da estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicação do câncer de colo de útero, projeto do qual participam e para o qual colaboraram. 

O professor explica que a importância da estratégia global, que trata o câncer do colo de útero como problema de saúde pública, está no fato de que, por muito tempo, foi o câncer que mais matou mulheres no mundo; hoje, é o terceiro. “Ainda assim, no Brasil, mata uma mulher a cada 90 minutos”, aponta ele. Em 2018, então, a OMS convocou países a fim de compor uma estratégia global para torná-lo uma doença rara, ou seja, com menos de quatro casos a cada 100 mil mulheres. 

Para a professora Heloisa, ainda que a conscientização sobre o HPV tenha crescido, ainda está aquém do ideal. “Ter informações sobre a vacina, os cuidados a serem tomados, inclusive em relação ao relacionamento sexual, ainda é necessário”, afirma. Eles reforçam que existe conhecimento científico para erradicar a doença – sabe-se o agente causador, o papilomavírus humano, consegue-se fazer diagnóstico e tratamento em sua forma precoce, além da prevenção com a vacina. “Não se justifica mais de 75% dos casos que atendemos no Icesp serem da doença em um estágio avançado”, diz Carvalho. 

A estratégia de erradicação proposta pela OMS baseia-se em três pilares: garantir que 90% das meninas recebam a vacina contra o HPV até os 15 anos; fazer com que pelo menos 79% das mulheres possam realizar dois testes de rastreamento do vírus; garantir que 90% das mulheres que possuam lesões precursoras recebam tratamento adequado.  

A professora explica que, uma vez proposta a prevenção com o diagnóstico precoce, as instituições têm a obrigação de oferecer tratamento aos casos diagnosticados. “Quando convocamos a população a se conscientizar, não podemos apenas detectar o problema. Além disso, a conscientização ainda é fundamental. Devemos insistir periodicamente nesse assunto, com educação, informação e comunicação”, conclui. 

Ouça a íntegra da entrevista no link. 


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