Na edição de Cotidiano na Metrópole desta semana, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, comenta as manifestações que pedem a remoção da estátua em homenagem ao bandeirante Manuel Borba Gato, localizada na zona sul de São Paulo.
Os protestos antirracistas pelo mundo, iniciados após a morte violenta de George Floyd, homem negro, assassinado por um policial branco, geraram uma onda de questionamentos sobre os monumentos que vivem nas cidades. Trata-se de estátuas de nomes ligados à escravidão e ao colonialismo que despertam a indignação de movimentos da sociedade civil.
Bonduki lembra que a discussão sobre a retirada da estátua do Borba Gato é uma antiga demanda de grupos antirracistas e da causa indígena no Brasil. O monumento, que fica na entrada do bairro de Santo Amaro, representou o heroísmo e o mito da raça paulista na figura dos bandeirantes. “Essas estátuas homenageiam homens que efetivamente participaram do massacre da população indígena brasileira”, adverte o professor.
Entretanto, o urbanista alerta para a importância de se discutir amplamente o significado e o contexto histórico desses símbolos. Ele acredita que destruir a estátua do Borba Gato não seja uma saída eficiente. “Não basta suprimir, nós precisamos fazer um debate educacional e cultural para colocar os bandeirantes no seu devido lugar e fazer uma revisão dessa história”, propõe.
Os bandeirantes figuram batizando as principais rodovias paulistanas, além de escolas e ruas da cidade. Mas, para começar com a estátua do Borba Gato, Bonduki sugere que seja criado um novo monumento, em homenagem ao povo guarani, que ainda sobrevive nas aldeias da região sul da capital.
Ouça na íntegra no áudio acima.
Cotidiano na Metrópole
A coluna Cotidiano na Metrópole, com o professor Nabil Bonduki, vai ao ar quinzenalmente às quinta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção a Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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