Movimentos contra vacinação usam redes para difundir teorias anticiência

Tecnologia é usada por adversários das campanhas de vacinação para disseminar visões anticientíficas e danosas à saúde pública

 20/05/2020 - Publicado há 4 anos
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A maneira como a tecnologia é usada para disseminar visões anticientíficas e, em especial, danosas à saúde pública, é o assunto da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “Em 13 de maio, Meredith Wadman publicou um comentário na Science sobre um estudo envolvendo ciência comportamental e ciência de dados, publicado on-line naquele mesmo dia na revista Nature”, conta. “No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia listado o retorno do sarampo, com características epidêmicas, como um dos grandes desafios a superar. Em diversos locais, o sarampo havia sido erradicado. Porém, movimentos antivacinas foram crescendo com base em teorias conspiratórias sobre potenciais efeitos nocivos das vacinas.”

“Agora que enfrentamos a pior crise sanitária dos últimos cem anos, com uma pandemia viral alterando profundamente nossas vidas e com consequências econômicas gravíssimas, as esperanças estão voltadas ao desenvolvimento de vacinas eficazes contra o sars-cov-2”, afirma o físico. “O distanciamento social é a única forma eficaz, por enquanto, para evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde e minimizar as mortes por covid-19. Através da internet, conseguimos manter um nível de comunicação e socialização fundamental para nossa sanidade mental. Mas as redes sociais têm sido uma das mais importantes ferramentas para disseminar desinformação, tanto em nível local quanto global”.

Segundo Nussenzveig, os dados compilados pelo estudo publicado na Nature e as previsões que ele faz são muito preocupantes. “Embora ainda sejam menores em tamanho absoluto e número de seguidores, os agrupamentos antivacinação apresentam conectividade muito maior com clusters de indecisos, enquanto as páginas pró-vacinação têm presença mais periférica, com muito menos conexões”, ressalta. “Na análise da dinâmica entre fevereiro e outubro de 2019, os clusters antivacinação cresceram significativamente mais que os outros. Alguns chegaram a expandir em 300%, enquanto nenhum cluster pró-vacinação cresceu mais de 100% e a maioria cresceu menos de 50%.”

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Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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