Não precisamos explorar terras indígenas para manter a exportação brasileira

“Há como você trabalhar e atender às necessidades de consumo, sociais e também da exportação com o que nós temos”, diz Edson Faria Mello

 01/04/2020 - Publicado há 4 anos
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Foto: José Cruz / Agencia Brasil via Fotos Públicas

O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com o professor Edson Faria Mello, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para falar sobre a mineração no Brasil e os impactos decorrentes dessa atividade. Ele também trabalhou no Poder Executivo Federal, nos cargos de Coordenador Geral de Economia Mineral, no período de 2008 a 2009, e diretor de Desenvolvimento Sustentável na Mineração, no período de 2010 a 2016, junto à Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM) do Ministério de Minas e Energia (MME). 

A mineração brasileira —  responsável por quase 5% do PIB nacional — é um tema que aborda tragédias, como o rompimento das barragens em Minas Gerais, e também o garimpo ilegal em terras indígenas. Para Mello, a mineração traz um paradoxo a ser analisado: “É uma atividade extremamente relevante, importante para a qualidade de vida das pessoas, é essencial para a sociedade. Porém, as nuances sociais que têm relação com a mineração, casos recentes como barragens rompidas, trazem uma questão difícil. Por um lado, há a necessidade e, por outro, há todos os malefícios”.

Com a necessidade econômica do País em manter a atividade – afinal, o minério de ferro no Brasil contribui com grande peso na balança comercial das exportações de minérios –  é importante visualizarmos soluções para lidar com essa situação, e, para Mello, investir em agregar valor à matéria-prima que exportamos é essencial. Hoje, pouco se conhece do potencial de mineração da Amazônia, como explica o professor: “A fiscalização é muito deficitária, funciona como a gente sabe que funciona. Então, grande parte da atividade garimpeira na Amazônia é informal, nociva e predatória. Pouco se conhece sobre o potencial de mineração da Amazônia. Não há por que advogar em termos de trabalhar em terras indígenas, porque os argumentos a favor dessa atividade são muito frágeis, do ponto de vista técnico. Há como você trabalhar e atender às necessidades de consumo e sociais e, também, do ponto de vista da exportação, com o que nós temos”.

 

 

 


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