Pesquisador analisa função do mercado editorial após ditadura salazarista em Portugal

Resultado de pesquisas feitas na USP, a obra “Livros que tomam partido” mostra papel das editoras de cunho político-ideológico na abertura democrática no país

 16/01/2020 - Publicado há 4 anos
Com o fim do período de repressão, obras que abordavam temas políticos e ideológicos começaram a ser publicadas com maior frequência – Foto: Reprodução/Editora Parsifal

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A década de 1970 foi um período decisivo na história de Portugal. Com o fim da ditadura salazarista, em 1974, a volta à liberdade democrática influenciou uma série de transformações em diferentes setores. Em sua obra recém-lançada Livros que tomam partido: Edição e revolução em Portugal, 1968-80 (Parsifal, 2019), Flamarion Maués, historiador e professor do Instituto Federal de São Paulo, explora como ocorreu esse processo no mercado editorial daquele país, em específico dentre as editoras com publicações de caráter político.

O livro é resultado das pesquisas de doutorado e pós-doutorado de Maués, desenvolvidas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, respectivamente.

O período abrangido na obra tem como pontos de referência o afastamento por motivos de saúde do ditador Salazar e sua substituição por Marcelo Caetano, em 1968, e a formação do primeiro governo de direita pós-ditadura, em 1980. Nessa época, ocorreu uma profusão do que o autor chama de “edição política”, com o surgimento e expansão de editoras com cunho ideológico claro, algumas ligadas a partidos ou grupos organizados, outras sem vinculação específica, mas que também trouxeram publicações que refletiam a entrada da sociedade portuguesa num novo contexto político.

Capa de Livros que Tomam Partido: Edição e revolução em Portugal – 1968-1980, do professor Flamarion Maués – Créditos: Reprodução/Parsifal

Para desenvolver a pesquisa que deu origem ao livro, Maués analisou mais de cem dessas editoras, buscando examinar as vinculações políticas de cada uma e identificar as obras de caráter político que foram publicadas naquele intervalo de tempo. O professor procurou compreender como essas empresas se organizavam, como atuavam os editores e quais suas motivações políticas e comerciais, bem como a influência que essas relações exerciam no cotidiano.

Livros que tomam partido: Edição e revolução em Portugal, 1968-80 permite refletir sobre como a edição de livros pode se relacionar com engajamento político e, nesse caso, qual o papel exercido pelo mercado editorial no caminho para a liberdade democrática.

A obra pode ser adquirida pelo site da editora Parsifal, de Portugal. Quanto à tese de doutorado de Flamarion Maués, ela pode ser encontrada na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.


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