Copa América pode reduzir estagnação do número de turistas no país

Megaevento deve fomentar atividades não só do setor terciário, mas também do meio acadêmico brasileiro

 14/06/2019 - Publicado há 5 anos
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A Copa América é o principal torneio de futebol masculino entre países da América do Sul. Em 2019, o Brasil sedia pela quinta vez esse evento que atrai muitos visitantes estrangeiros. Isso representa uma grande oportunidade de fomentar o setor turístico nacional e influencia na movimentação de outras áreas, como a economia e até mesmo a produção de pesquisas acadêmicas sobre o assunto. O Jornal da USP no Ar conversou com o professor Ricardo Ricci Uvinha, vice-diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, especialista em turismo esportivo, para entender os impactos disso no país.

A principal vantagem de sediar a Copa América é angariar visibilidade para o país com a vinda de turistas. Isso pode significar a retomada do turismo nacional, que passa por uma estagnação. “Dados de 2018 mostram que o Brasil está estagnado no número de 6,6 milhões de turistas visitando o país, o que é muito pouco comparado a outros países, inclusive àqueles que sediam eventos esportivos. Cerca de 60% dos turistas vêm ao país a lazer e 90% deles se mostram muito satisfeitos, ressaltando a hospitalidade brasileira. Porém, só essa reputação não tem sido suficiente para trazer mais turistas para cá”, conta o especialista.

Preparação física dos jogardores da seleção brasileira – Foto: Lucas Figueiredo / Divulgação / CBF

Segundo Uvinha, o Brasil possui infraestrutura para recepcionar um evento desse porte graças aos investimentos feitos anteriormente para outros torneios esportivos: “Houve um ciclo de megaeventos com sede no Brasil, que teve início em 2007 com os Jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro. Desde então, sediamos vários eventos, em especial a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, e a Copa América simboliza um retorno dessas grandes produções”. No entanto, esses espaços são mal aproveitados, considerando os altos gastos que demandaram: apenas cinco estados serão sede da Copa América enquanto outros, onde grandes obras também foram construídas, não terão suas estruturas utilizadas. É o caso de Brasília e o estádio Mané Garrincha.

A manutenção desses espaços é necessária, assim como medidas que estimulem o turismo. Essa é uma ação que depende da ação dos municípios, segundo o especialista: “É importante que as cidades se mobilizem para aproveitar e potencializar a vinda desses turistas. São Paulo, por exemplo, é muito conhecido pelo turismo de negócios, mas a mobilização para a Copa América, o Morumbi e a Arena Corinthians, por exemplo, chama atenção para o lazer e movimenta a rede hoteleira, além de bares e restaurantes.”

A realização da Copa América é resultado de uma parceria entre comitê organizador e responsáveis nos âmbitos municipal, estadual e federal, e essa associação traz resultados positivos para o turismo. Além disso, pode-se ressaltar o papel das universidades nessa questão: megaeventos são relevantes para a produção de pesquisas acadêmicas que analisem não só a organização dos eventos em si, mas também os impactos e legados deixados por eles. “Apesar de todas as críticas feitas a megaeventos sediados no país, principalmente no que se diz respeito aos investimentos massivos, eles são boas oportunidades para o setor acadêmico pesquisar o turismo esportivo, que pode ajudar na elaboração de soluções para potencializar a vinda de turistas para o Brasil”, explica o professor.

A Copa América de 2019 acontece no Brasil entre os dias 14 de junho e 7 de julho, e os jogos acontecerão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador.


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