Megaeventos esportivos são instrumentos geopolíticos

Estudo do IEA analisa como países do Brics usaram a Copa do Mundo para ampliar sua influência global

 15/05/2019 - Publicado há 5 anos
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jorusp

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Foto: Danilo Borges/Brasil2016 via Ministério do Esporte

Pesquisa analisa o uso de megaeventos esportivos – Copa do Mundo e Jogos Olímpicos – por países do Brics, grupo político de cooperação formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com o objetivo de aumentar sua influência global. O projeto está inserido dentro do Programa Ano Sabático, do Instituto de Estudos Avançados (IAE) da USP. O Jornal da USP no Ar conversou com o coordenador da pesquisa, Marco Antonio Bettine, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

O professor Bettine expõe a importância da compreensão do conceito de soft power, ou poder brando, para entender o movimento do Brics em se tornar países-sede de megaeventos esportivos. “Após a queda do muro de Berlim, há um novo momento geopolítico”, desenvolve Bettine, e continua: “Joseph Nye, cientista político estadunidense, percebe que o hard power, ou poder duro, influência exercida através da belicosidade ou pressão econômica, seria menos necessário”. A partir disso, lançou-se o soft power: poder exercido através da cooptação cultural e ideológica.

Houve uma apropriação do conceito de soft power pela Fifa, esclarece o professor. A organização se transformou em uma potência política capaz de reger um bem cultural valioso, o futebol, esporte mais popular e praticado do mundo. Com isso, ela conseguiu transmitir a noção que, ao sediar a Copa do Mundo, o país seria automaticamente beneficiado pela repercussão internacional.

Mirando a projeção internacional e, consequentemente, o soft power, os membros do Brics passaram a sediar os megaeventos esportivos: Jogos Olímpicos de Verão, Pequim 2008 (China) e Rio 2016, Jogos Olímpicos de Inverno, Sochi 2014 (Rússia) e Pequim 2022, além das três últimas edições da Copa do Mundo: África do Sul, Brasil e Rússia. No entanto, o professor Bettine explica que sediar eventos não garante, necessariamente, o exercício do poder brando. “Há uma série de elementos intangíveis que precisam ser analisados para chegar a essa conclusão”, diz.

Um dos aspectos da pesquisa do professor Bettine será tratado amanhã (16), às 9h30, no encontro O Ciclo dos Megaeventos no Brasil: A Visão das Mídias Estrangeiras sobre a Sociedade Brasileira e a Organização do EventoO evento será na Sala Alfredo Bosi – no próprio IEA –, Rua da Praça do Relógio, 109. É aberto ao público e gratuito, mas requer inscrição prévia.

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