Coquetel com menos medicamentos facilita tratamento do HIV

Núcleo de Apoio à Pesquisa em Retrovírus divulga importância do teste para início do tratamento contra o vírus

 03/04/2019 - Publicado há 6 anos
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jorusp

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O Núcleo de Apoio à Pesquisa em Retrovírus da USP  tem como proposta principal integrar diversas linhas de pesquisa e organizar processos que podem resultar em melhorias no cuidado à saúde de pessoas infectadas por retrovírus. Além disso, o núcleo visa a capacitar pessoal em aprimoramento de tecnologias de investigação e no cuidado aos pacientes com retroviroses. Nesta semana, o núcleo promove evento para apresentar novas abordagens no combate ao HIV-Aids.

Estudo com amostragens de todo o mundo, publicado no New England Journal of Medicine (importante periódico especializado), aponta que o momento ideal de se começar o tratamento é logo após a detecção. “Muitos dos pacientes que chegam aos ambulatórios do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital das Clínicas (HC) vêm após a triagem do banco de sangue. Descobrem após a doação”, diz o professor Jorge Casseb, coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) em Retrovírus do Instituto de Medicina Tropical (IMT) do HC da Faculdade de Medicina (FM), ao Jornal da USP no Ar.

Os atendimentos ocorrem às quartas e sextas, pela manhã, no Emílio Ribas, e nas tardes de sexta no Hospital das Clínicas — onde se dão há 30 anos. Os pacientes infectados com o HIV hoje têm tratamento gratuito oferecido pelo governo e, segundo o médico, mais simples do que era. Ele conta que “de uns três anos para cá, começamos a usar as drogas aplicadas no Primeiro Mundo. Hoje são menos medicamentos e efeitos colaterais a longo prazo. A pessoa consome tenofovir e outros dois comprimidos a qualquer hora do dia”. Dos 500 pacientes acompanhados pelo NAP, apenas 20 não responderam satisfatoriamente aos antirretrovirais.

O docente alerta também sobre o HTLV-1. Da mesma família do agente etiológico da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), esse vírus pode causar mielopatia, ou seja, danos aos nervos, principalmente na medula espinhal, comprometendo os movimentos do corpo. Menos comum no Brasil, a manifestação pode se dar como uma leucemia, resultante do ataque do próprio organismo às células-T (importante mecanismo imunológico). São entre 600 mil e 800 mil infectados no País, apesar de seu desconhecimento entre a população.

Diferente do HIV, ainda não existe um recurso terapêutico específico ao HTLV-1. Os últimos congressos de especialistas em infecções por retrovírus definiram o uso de corticoides, de 45 em 45 dias, como a melhor solução provisória. Mas os infectologistas ainda procuram o melhor método, por isso a importância de Núcleos de Apoio à Pesquisa, como o coordenado por Casseb. “O grupo foi criado há quatro anos com o intuito de aglutinar pesquisadores que trabalham com variados retrovírus, como o HPV e o HIV. Suas diretrizes são o avanço científico e a prestação de serviço. Em vista disso, 30 pacientes por semana são atendidos em ambulatórios”, explica o médico.

O núcleo averiguou alterações de memória em quase 40% dos pacientes portadores do HIV. “Alguns tinham dificuldades até para chegar ao serviço”, indica o professor. Nos casos de HTLV já sintomáticos, por sua vez, encontrou-se pequenas alterações neurológicas, detectáveis somente em exames detalhados. Logo, além da contenção do retrovírus, é preciso aplicar uma neuroterapia.

As estatísticas assinalam que são quase 1 milhão de infectados pelo HIV e cerca de 800 mil pelo HTLV-1, portanto um problema de saúde pública, demandando políticas de estado. “O Brasil é um dos exemplos para o mundo nesse campo, mas o avanço científico deve seguir”, finaliza Casseb.

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