Tipo de vertigem postural deve ser tratado sem medicamento

Diagnóstico é importante não só para tratamento, mas também para identificar doenças como diabete, diz médico

 22/04/2019 - Publicado há 5 anos
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Nesta semana, a Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP alerta para a Vertigem Paroxística Postural Benigna (VPPB), síndrome que provoca tontura e perda de equilíbrio, seguidas de náusea leve e vômitos, em qualquer idade. De cada 100 pacientes atendidos no ambulatório do HC, pelo menos 10% sofrem com a doença, cujo tratamento não é realizado com medicamentos e sim com manobras posturais. Esse tipo de vertigem é causado por partículas de carbono de cálcio (otólitos) que se soltam do vestíbulo, presente no ouvido interno, e caem no canal semicircular do labirinto.

“O paciente fica incomodado, pois o quadro é crônico e frequente. Podem acontecer até dez crises em um dia. Como a tontura rotacional acontece quando há o deslocamento da cabeça para um certo lado, toda vez que esse movimento acontece, a pessoa é acometida, ao passo que mantém a lucidez. Então, é corriqueiro buscarem a farmácia. E não adianta medicamento, nem são indicados formalmente”, descreve o médico Ítalo Roberto Torres de Medeiros, responsável pelo Ambulatório de Otorrinolaringologia do HC, ao Jornal da USP no Ar.

Montagem sobre foto Visual Hunt e Marcos Santos/USP Imagens

Ele aponta que duas sessões de manobras posturais, seguidas de dois ou três dias sem movimentos bruscos, são suficientes para o realocamento e sedimentação dessas partículas. “O descompasso entre a orelha mais interna esquerda e direita é a causa das vertigens. Um lado detecta o movimento das pedrinhas no líquido labiríntico e o outro não, confundindo o cérebro. Com os otólitos reconsolidados, os sintomas cessam”, explica Medeiros, citando a intervenção indicada pelo HC e pela Academia Brasileira de Otorrinolaringologia.

Essas partículas podem se soltar por trauma, problemas articulares, diabete, questões metabólicas ou mesmo falta de vitamina D. Logo, a detecção do quadro pode identificar doenças mais sérias. E, dado as origens etiológicas, a VPPB acomete principalmente os idosos. O quadro pode facilitar quedas e ser ainda mais agravado, também, por artroses, artrites e pelo metabolismo mais lento.

O médico diz que a VPPB é uma origem comum das vertigens, porém há outros quadros com os quais é importante se comparar no desenvolvimento da medicina. “A doença de Meniére tem sintomas bem parecidos, por exemplo, apesar de ser ocasionada pela distensão do compartimento que armazena o líquido do labirinto. Existem também as enxaquecas vestibulares. A neurite vestibular, por sua vez, acarreta uma crise aguda, na qual as tonturas e a dor são incapacitantes. Há fortes náuseas, o ataque se dá única e violentamente. Confunde-se com um ataque vascular cerebral (AVC), necessitando de um diagnóstico diferencial”, esclarece Medeiros.

 


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