Os teratomas são tumores de células germinativas, com áreas que, quando visualizadas sob o microscópio, se parecem com cada uma das três camadas de um embrião em desenvolvimento. Este tumor tem uma forma benigna e outra cancerosa, denominadas teratoma maduro e teratoma imaturo. A forma benigna geralmente afeta mulheres em idade reprodutiva. É muitas vezes chamado de cisto dermoide. Esses tumores ou cistos podem conter diferentes tipos de tecidos benignos, incluindo osso, cabelo e dentes. Já os teratomas imaturos são um tipo de câncer que contêm células que se parecem com os tecidos embrionários ou fetais. Para descobrir o diagnóstico, o tratamento e as diferenças entre esses dois tipos de doença, o Jornal da USP no Ar conversou com o médico Eduardo Vieira da Motta, da divisão de Ginecologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP e diretor do Laboratório de Habilidades e Simulação Médica.
Esses tumores são descobertos incidentalmente. “No geral, são tumores que aparecem em exames analisados rotineiramente pela paciente. Eventualmente, eles podem ser diagnosticados a partir de uma complicação. A complicação mais comum é quando eles podem crescer demais e apresentar grandes volumes no abdômen, chamando atenção por um crescimento abdominal diferente”, explica Motta. Para ele, “é fundamental que a mulher compreenda que a saúde reprodutiva dela passa pelo acompanhamento com exames periódicos. Quando o diagnóstico é feito em estágio inicial, é possível preservar o sistema reprodutor.”
A maior parte das diferenciações de um tumor benigno de um maligno é feita após cirurgia e retirada do teratoma, sob a observação em laboratório. “Quando é benigno, a retirada pura e simples do teratoma permite a preservação do ovário de modo a não comprometer o sistema reprodutivo da paciente.” Se for maligno, a paciente é submetida a um novo procedimento para o tratamento específico. “Este depende da extensão da malignidade e do tipo de componente.” Em alguns casos, uma cirurgia mais ampla – com retirada do ovário, da trompa e até mesmo do útero -, já é uma solução; outros dependem da quimioterapia também.
O médico destaca que os tumores malignos são bem raros. “O ovário estaria em quarto lugar quando pensamos em câncer na mulher [sendo precedido de câncer de mama, colo de útero e endométrio]. Dentro dos cânceres de ovário, a grande maioria é um outro tipo de tumor, o da célula de revestimento do ovário. Assim, o teratoma com cânceres malignos responde a menos de 1% dentro do câncer de ovário”, complementa.