Novas tecnologias representam desafio para a democracia

Último programa de série do USP Analisa debate redemocratização e influência das redes sociais nesse sistema político

 20/02/2019 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 27/02/2019 às 15:29
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O USP Analisa encerra sua primeira série especial do ano com uma discussão sobre o segundo período de redemocratização no Brasil, que aconteceu a partir de 1985, e as perspectivas da democracia no país. Os entrevistados são o professor, historiador e ex-vereador de Ribeirão Preto Gilberto Abreu e o docente da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP Nuno Manuel Morgadinho dos Santos Coelho.

Abreu explica que o regime militar impediu a formação de novas lideranças políticas, trazendo como consequência para a redemocratização o domínio político por personagens anteriores a 1964. Ele observa também que a crise de representação em curso atualmente não atinge apenas o Brasil e é um fenômeno mundial.

“No Brasil, a corrupção acabou ganhando uma dimensão tal que provocou uma revolta generalizada e o resultado das eleições comprova isso. Foi um discurso totalmente moralista, mas um discurso também que se pretendeu não-político, o que é um absurdo, vindo de um candidato que há três décadas é deputado federal. A corrupção sistêmica levou a essa revolta. Isso não quer dizer também que a população seja virtuosa. Na verdade, a corrupção no Brasil é reflexo da própria população”.

Outra questão atual levantada pelos entrevistados é o uso das novas tecnologias de comunicação e os efeitos delas sobre a democracia. “Me parece muito bom que as pessoas possam expressar suas opiniões, a política é exatamente objeto da opinião de todos nós. O problema é que há efetivamente aí um funcionamento, ferramentas nessas novas tecnologias, levando as pessoas a acreditarem em questões e defenderem posições que vão contra sua própria vida, que ameaçam a vida dos seus filhos, que ameaçam sua própria liberdade. E por que isso é possível? Porque não se trata de formas de comunicação que permitam o verdadeiro diálogo. Essa é a questão que nós precisamos enfrentar e que na Europa se discute muito intensamente. A política representativa é marcada por procedimentos discursivos, por formas de comunicação que garantem algumas questões e regras básicas de acordo com as quais um diálogo, um debate, pode chegar a um bom resultado”, afirma Coelho.

O USP Analisa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.


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