Teatro da periferia atua como resistência e dá voz à população

Evento do IEA reunirá membros representantes de grupos de teatro de São Paulo, Rio Grande do Norte e Bahia

 19/10/2018 - Publicado há 6 anos

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A cena teatral das periferias do Brasil será tema do terceiro encontro do ciclo Centralidades Periféricas, organizado pela Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria entre o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP com o Itaú Cultural. Na próxima segunda-feira, representantes de quatro coletivos teatrais de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Norte, além de uma pesquisadora da área, discutirão o papel dessa expressão artística nos grandes centros urbanos.

A pesquisadora do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama da USP, Carolina de Camargo Abreu, conta que a arte tem um papel muito importante na vida do jovem da periferia. É um espaço pedagógico, de criação, de inserção social e de transmissão de conhecimento. Ela complementa que o teatro é peculiar nesse ponto por ser uma arte multimídia: envolve o corpo, a imaginação e o intelecto.

O ator e fundador do Pombas Urbanas de São Paulo, Adriano Mauriz, explica que esse grupo surgiu em 1989 em São Miguel, bairro da periferia de São Paulo, através da iniciativa de Lino Rojas, um imigrante peruano que chegou ao Brasil, após ser exilado durante a ditadura de Alberto Fujimori. Rojas escolheu atuar na periferia de São Paulo para formar jovens de modo que pudesse ajudá-los a tirar a vida de risco – na época, era comum a prática de “surfe” nos vagões de trens.

Carolina diz que a organização teatral enquanto grupo, a rotatividade de funções e o aprendizado do modo de produção tornam a atividade reflexiva e crítica, o que ela julga de suma importância levar para as periferias. Ela afirma que a isso se soma o fato de que é importante a construção do processo, que leva à identificação da região, e não só levar o teatro já pronto, com histórias, grupos e suporte para as periferias. Assim, perpetua-se a tradição do teatro de rua dessas áreas e ouve-se sua realidade e as críticas que essa população tem a fazer.

Por fim, Mauriz lembra que, no final do século XX, o crítico Sebastião Milaré comentou que era possível o teatro de rua tornar-se a manifestação cultural que seja o carro-chefe da cena teatral. E ele vê o teatro de periferia como resistência por lutar e perseverar num cenário com poucas políticas de apoio e abordagem de temas importantes como gênero, por exemplo.

O evento ocorre no dia 22 de outubro, às 14h, é gratuito e aberto ao público, bastando a inscrição on-line. Para aqueles que não puderem comparecer presencialmente, haverá transmissão ao vivo pelo site do IEA, sem necessidade de inscrição.jorusp


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