Impossível pensar a cultura urbana sem Virilio

Giselle Beiguelman dedica coluna em memória de Paul Virilio, o filósofo cético das redes e da velocidade

 24/09/2018 - Publicado há 6 anos

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Em sua coluna Ouvir Imagens na Rádio USP (clique no player acima), Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, faz uma homenagem especial. Lembra o filósofo e urbanista francês Paulo Virilio, falecido aos 86 anos, no último dia 10.
“É impossível pensar a cultura urbana contemporânea sem fazer referência a Paul Virilio”, observa a professora. “Virilio se dedicou a investigar as implicações políticas e sociais da aceleração do cotidiano. Em seu livro Velocidade e Política, de 1970, ele mostrou como a velocidade havia se convertido em um valor, sendo mais relevante a velocidade de destruição do que a de produção.”
Nesse contexto do pensador, o presente torna-se a categoria fundamental em um mundo que se contrai e encolhe pelo avanço das tecnologias de informação, que aproximam todos os lugares. Segundo Virilio, ” a aceleração crescente da vida aboliu a noção de passado. Se antes falávamos de passado, presente e futuro, hoje só existiriam dois tempos: um passado recente e o tempo real, sendo o futuro um tempo das máquinas e das lógicas de programação”.
Crítico mordaz da internet e das suas utopias, Virilio chama a atenção sobre o impacto do avanço das telecomunicações e da revolução digital nas dinâmicas sociais. “Virilio afirmava que, graças ao celular, ‘o sedentário contemporâneo é alguém que se sente em casa em qualquer lugar’, enquanto  o nômade, nesse mundo de novas tecnologias, ‘em que carregamos a cidade conosco’, tornava-se o excluído, aquele que desprovido de acesso à conexão, vive na condição de ostracismo.”
O pensamento de Paul Virilio, segundo observa Giselle, critica a euforia em torno da cultura do compartilhamento. “Ele alerta para o quanto as redes sociais estariam impondo uma realidade de um ‘comunismo privatizado’, fomentando  uma cultura que troca a noção de identidade pela de rastreabilidade.”

Quem quiser saber mais sobre as reflexões de Paul Virilio acesse: www.desvirtual.com


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