Ensino e pesquisa cada vez mais juntos

A pró-reitora de Graduação, Telma Maria Tenório Zorn, quer incentivar os estudantes a participar cada vez mais da criação do conhecimento

 11/03/2010 - Publicado há 14 anos
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É essencial que a pesquisa permeie cada vez mais o ensino da graduação. O aluno não deve aprender só o que está nos livros, mas ele precisa participar da criação do conhecimento. Aliar a pesquisa ao ensino é a meta da nova pró-reitora de Graduação, Telma Maria Tenório Zorn (foto), no cargo desde 23 de fevereiro. Em sua gestão, ela pretende priorizar a função essencial da Universidade, que é a formação de recursos humanos solidamente qualificados.

“No decorrer de sua história, os cursos de graduação da USP contribuíram de forma notável para a formação de profissionais, professores e cidadãos de cultura nas diversas áreas do conhecimento”, observa. “A articulação entre atividades de pesquisa e ensino, nos níveis de graduação e de pós-graduação, consagrando critérios de mérito e qualidade, tem sido o traço marcante dessa atuação e deve ser continuamente aperfeiçoada.”

Telma Zorn nasceu em Santana do Ipanema, uma cidade do alto sertão do Alagoas. “É um lugar que fica um pouco adiante da cidade de Quebrangulo, onde nasceu Graciliano Ramos”, conta. “Mas é a mesma paisagem descrita no romance Vidas secas.” Formou-se em Medicina pela Universidade Federal de Alagoas em 1977. Mas decidiu seguir a carreira acadêmica, dedicando-se ao ensino e à pesquisa. “Sou docente do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), que não tinha alunos próprios de graduação. O seu primeiro curso de graduação, Ciências Fundamentais para a Saúde, foi implantado em 2005.”  A professora destaca que o ICB participa de quase 25% das matrículas anuais, ou seja, em suas 106 disciplinas são registradas anualmente cerca de 9 mil matrículas. Tem sete departamentos, com áreas obrigatórias para todos os alunos de saúde.

A pró-reitora orgulha-se de participar há 35 anos da história do ICB, que foi criado a partir da reforma universitária de 1969. “Fui contratada como auxiliar de ensino em 1975”, lembra. Uma trajetória pontuada por aliar pesquisa e ensino. “Ao mesmo tempo em que o ICB tem uma importante carga didática, produz, junto com a Faculdade de Medicina, cerca de 50% das pesquisas na área de biológicas.”

É essa experiência e conhecimento da formação de cientistas, pesquisadores e professores que Telma Zorn vai levar para todas as áreas. “Pretendo visitar e conhecer todas as unidades. É essencial que os seus dirigentes, os chefes de departamento e comissões de graduação atuem de maneira articulada para a efetiva consumação de suas diretrizes e propostas. Igualmente fundamental é o diálogo com a representação estudantil nos diferentes colegiados.”

Valores éticos

Além do conhecimento acadêmico e treinamento superior, a educação, na avaliação da pró-reitora, deve estimular o desenvolvimento pessoal e a responsabilidade social. “É preciso encorajar os estudantes a assumirem a condição de cidadãos de uma sociedade global como meio para que se respeite a diversidade do conhecimento. Além disso, em consequência da poderosa influência que a educação superior desempenha na promoção de valores essenciais para a sociedade, aliada ao impacto no desenvolvimento cultural, a educação superior não pode ser separada de valores éticos.”

A pró-reitora cita três pontos-chave que têm sido indicados como referência para a educação superior: acessibilidade, valores e competitividade. Ressalta que a Pró-Reitoria de Graduação criou, deu continuidade ou apoiou programas que devem ser, num primeiro momento, continuados e subsequentemente avaliados. “Pretendemos valorizar o ensino de graduação em todos seus segmentos através da melhoria das condições físicas do ambiente de ensino, adequando-o a padrões de qualidade que permitam maior interação entre as áreas correlatas de ensino”, observa.

A Pró-Reitoria de Graduação irá também melhorar e implementar laboratórios e bibliotecas e dará apoio ao desenvolvimento de ferramentas contemporâneas de ensino, métodos e técnicas de pedagogia. Entre as ações previstas, ela destaca o comprometimento com o aperfeiçoamento dos sistemas de avaliação coerentes com as propostas de formação dos estudantes. “A Pró-Reitoria de Graduação quer reconhecer as atividades da graduação e tem como meta encontrar os meios para recompensar seus docentes pela qualidade das atividades no desenvolvimento do ensino.”

Em colaboração com as outras Pró-Reitorias e órgãos centrais, a professora vai estimular e apoiar atividades que fortaleçam a associação entre ensino e pesquisa, como as de iniciação científica. “Do mesmo modo, apoiaremos atividades de monitoria, consideradas fortes instrumentos de interação entre alunos e docentes. É importante estimular a inserção dos alunos em projetos que permitam o contato com diversas esferas da sociedade. Os programas de incentivo à permanência dos estudantes na Universidade serão apoiados e aperfeiçoados.”

A professora pretende ainda apoiar e articular os trabalhos das várias comissões dos cursos de licenciatura para transformá-los em exemplos metodológicos para os novos cursos implantados no setor público. “Queremos discutir e avaliar o papel da USP no apoio ao ensino público através de experiências didáticas, programas-modelo, programas de reciclagem e educação continuada de docentes. E também incentivar a participação de alunos e professores dos cursos de licenciatura em atividades didáticas inovadoras, em escolas públicas de ensino médio, e reforçar o programa de bolsas de iniciação científica júnior.”

(Matéria publicada na edição 887, do Jornal da USP)

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Investigação inovadora e integrada

Na próxima edição do Jornal da USP, em 5 de abril, entrevista com o pró-reitor de Pós-Graduação, Vahan Agopyan, e, na edição do dia 12 de abril, com a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda.


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