Terapia com uso de laser pode melhorar dores na mandíbula

Pesquisas mostraram que laser também pode ser alternativa para tratamento de lesões no tecido nervoso da boca

 08/01/2018 - Publicado há 6 anos
Pesquisa investiga o efeito da fototerapia no tratamento de dor na articulação temporomandibular – Foto: Visualhunt CC


O Laboratório Especial de Laser em Odontologia (Lelo) da Faculdade de Odontologia (FO) da USP realiza, no momento, duas pesquisas relacionadas ao uso do laser para lidar com diversos sintomas, que afetam diretamente a qualidade de vida dos portadores desses problemas. 
Uma delas, conduzida por Fernando Rodrigues de Carvalho, pesquisador colaborador do Lelo, sob orientação da professora Patrícia Moreira de Freitas, aborda tratamentos para casos de dor na articulação temporomandibular, conhecida como Disfunção Temporomandibular (DTM).

A articulação temporomandibular (ATM) conecta nossa mandíbula ao crânio. Ela pode sofrer algumas perturbações, ocasionando desconforto. Dessa forma, a pesquisa investiga o efeito da fototerapia (irradiação de luz) com laser de baixa potência na DTM, a fim de observar quanto tempo é necessário para erradicação da dor e a duração dos resultados. Evidências iniciais apontam para uma melhoria da dor. Além disso, a terapia com laser não oferece incômodo ao paciente e não tem efeitos colaterais. Ela teve início em outubro de 2016 e tem como meta atingir 200 pessoas.

Segundo os pesquisadores, uma das conclusões obtidas é a melhora na rotina de atendimento clínico, que é realizada de forma mais ágil. Além disso, diante de tantos questionamentos existentes a respeito da terapia, a professora Patrícia afirma que a investigação surge a fim de alcançar, com outras pesquisas em desenvolvimento no Lelo contornando o mesmo tema, protocolos clínicos eficazes e possíveis de serem aplicados na prática clínica diária.

Ainda segundo os profissionais, há muitos estudos sobre a DTM, mas são pouco conclusivos, pois utilizam um número reduzido de participantes para análise e sem padronização dos parâmetros técnicos para a aplicação de laser, por exemplo. Nesse sentido, com iniciativas como essas, o Lelo pretende atingir respostas mais significativas e desenvolver protocolos de atendimento mais precisos.

Outra pesquisa conduzida pela mestranda Karolyne Oliveira, também sob orientação da professora Patrícia, estuda o retorno sensorial em pacientes que sofreram lesão no nervo alveolar inferior após a cirurgia de extração do terceiro molar (conhecido como siso) ou pela colocação de implante. Isso é ocasionado, geralmente, por um esmagamento do nervo durante o processo. Por isso, o paciente apresenta perda de sensibilidade, temporária ou não, em certas regiões. Nesse sentido, o laser se mostra como uma alternativa para acelerar o reparo do tecido nervoso.

A pesquisa não está direcionada a analisar apenas a laserterapia e seus efeitos, mas também se dispõe a compará-la com a convencional, que é medicamentosa. Nesse sentido, já há uma vantagem no uso da primeira, que pode não necessitar de intervenções com medicamentos.

Outra alternativa mais recente e inovadora está vinculada à irradiação em pontos de acupuntura, que visam a reduzir o tempo clínico de atendimento ao paciente. Segundo Karolyne, “com a terapia convencional utilizando laser de baixa potência, levo, em média, três vezes mais tempo para irradiar o nervo inteiro, comparado aos pontos de acupuntura”. Se a técnica resultar em melhores resultados, a redução de tempo de sessão clínica será um benefício tanto para o paciente quanto para o profissional.

A docente aponta que os benefícios se estendem, em ambas as iniciativas, para a qualidade de vida do indivíduo. Pessoas com parestesia relatam incômodo e inibição, de acordo com Karolyne: “Às vezes o paciente diz que parou de sair devido a esse problema, e após o início do processo se sente mais confortável para retomar a vida social”.

O recrutamento para as pesquisas irá até o início de 2018, podendo os interessados entrar em contato com o Lelo pelo telefones: (11) 3091- 7645 e (11) 3091-8455 ou pelo e-mail lelofo@usp.br. Ambas as pesquisas são relevantes para a área de laser em odontologia, pelo seu uso de técnicas mais recentes e pelo maior esclarecimento sobre os assuntos abordados.

Daniel Medina / FO


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