Médica alerta para estupro de meninas silenciado por familiares

Especialista do Ministério da Saúde alerta que falta integração para combater os casos de violência

 13/12/2017 - Publicado há 6 anos

Dados apresentados no evento Violência Sexual na Adolescência e Políticas Públicas no Brasil, da Faculdade de Saúde Pública da USP, apontam que o Departamento de Doenças Crônicas e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde recebe, por ano, cerca de 50 mil denúncias de estupro de meninas entre 10 e 19 anos de idade. Dessas, 65% têm até 14 anos e os abusos acontecem dentro do núcleo familiar. O alerta é da diretora do órgão, Maria de Fátima Marinho. As informações partiram dos postos de saúde de todo o País.

A médica afirma que, de 2011 a 2015, 4.300 adolescentes tiveram um filho como resultado de estupro. Segundo ela, há resistência das famílias em denunciar os casos. Assim, a menina fica desprotegida e aparece nas unidades de saúde já grávida, num estágio sem quaisquer possibilidades de fazer alguma interrupção.

Manifestação na Avenida Paulista contra o estupro – Foto: Paulo Pinto/AGPT via Fotos Públicas

Maria de Fátima alerta que falta integração entre as instituições públicas para diminuir os casos. Segundo ela, o Ministério da Saúde alerta as promotorias e as Varas da Infância e da Juventude, mas o número de casos de gestações resultantes de estupros continua alto. A médica conta que deveria existir uma rede de proteção para retirar jovens da situação de violência por meio da interferência policial junto a uma assistente social. No entanto, ela explica que as equipes médicas notificam as autoridades sobre os casos de estupro e, posteriormente, lhes resta apenas fazer o parto da menina.

A médica aponta, ainda, que o preconceito com os casos gera menor oferta do serviço de aborto legal. Assim, muitas têm como única opção ser obrigadas a ter o filho.

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