Peixes-elétricos em exposição no Museu de Zoologia da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Exposição do Museu de Zoologia da USP convida o público a descobrir os peixes-elétricos

Mostra traz exemplares vivos e conservados e é resultado de estudos com a participação de pesquisadores do museu; visitação é gratuita, acessível para deficientes visuais e vai até setembro de 2024

 13/09/2023 - Publicado há 8 meses

Texto: Luísa Hirata*

Como alguns peixes conseguem produzir eletricidade? E o que esse mecanismo pode nos ensinar? A exposição A vida secreta dos peixes-elétricos, instalada no Museu de Zoologia (MZ) da USP, sacia essas e outras curiosidades do público, levando-o a explorar a origem evolutiva e os usos da eletricidade desses animais, a partir de estudos realizados com a participação de pesquisadores do MZ. A mostra traz exemplares vivos de três espécies, emprestados por meio de uma parceria com o Aquário de São Paulo, e outros conservados, parte da coleção do MZ. A visitação começou nesta quarta, 13 de setembro, e fica em cartaz por um ano, de quarta a domingo, das 10h às 17h, de forma gratuita, bilíngue (português e inglês) e acessível para deficientes visuais.

A mostra conta com painéis explicativos, modelos das espécies para o público tocar, exemplares do museu em potes e três aquários para observação, cada um com uma espécie. Ao todo, são três peixes-elétricos (Electrophorus voltai), cinco carapós-tuviras (Gymnotus carapo) e seis ituí-cavalos (Apteronotus albifrons) vivos. Os visitantes também poderão ouvir os sons gerados pelas descargas elétricas dos peixes nos aquários, que acontecem, por exemplo, quando eles se reconhecem entre si. 

A exposição nasce das descobertas do projeto temático de cooperação internacional Diversidade e evolução de Gymnotiformes (Teleostei, Ostariophysi), iniciado em agosto de 2017 e finalizado em julho deste ano, que envolveu o MZ, o National Museum of Natural History do Smithsonian Institution e pesquisadores brasileiros e estadunidenses de outras instituições na ampliação dos conhecimentos sobre as espécies da ordem Gymnotiformes, que reúne a maior quantidade de espécies de peixes geradoras de eletricidade. Os cientistas procuraram documentar a diversidade e história evolutiva desses animais sob vários aspectos, além de descrever sua capacidade de produzir eletricidade.

Naércio Menezes, professor e pesquisador do Museu de Zoologia da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O projeto foi coordenado por Naércio Menezes, professor e pesquisador do MZ. Ele explica que os peixes elétricos transformam suas células musculares e nervosas em células elétricas. “Esse é um fato absolutamente extraordinário: como um peixe pode produzir eletricidade a partir de células não elétricas?”, comenta Menezes.

Espaço da exposição e o peixe-elétrico em um dos aquários - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Expansão da biodiversidade

Os peixes-elétricos são encontrados exclusivamente na região neotropical da Terra, que engloba a América do Sul. Os peixes da ordem Gymnotiformes estão presentes em particular na bacia amazônica e reúnem um grande número de espécies — o projeto temático descobriu mais de 50 novas espécies, que agora estão em processo de descrição. Por essas e outras razões, esses animais são usados como “táxon modelo” pelos cientistas para estudos sobre a diversidade de organismos aquáticos em escalas continentais.

Os peixes vivos presentes na exposição são emprestados do acervo permanente do Aquário de São Paulo, que cuidará da estrutura e manejo técnico durante todo o período de realização da mostra. Todos os animais possuem registro na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e passaram por acompanhamento veterinário ao longo do processo de adaptação aos aquários da mostra. 

Para nós que trabalhamos na área de educação para conservação, pesquisa e exposição, é imprescindível nos unirmos com parceiros fortes”, diz Ricardo Cardoso, diretor científico do Aquário, sobre essa que é a primeira parceria oficial com o MZ. Também é a primeira vez que o museu expõe animais vivos.

Ricardo Cardoso, diretor científico do Aquário de São Paulo - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Além disso, a mostra inaugura o uso da Galeria de Exposições Temporárias do MZ. O espaço ficará reservado para exposições temporárias e outras atividades de extensão promovidas pela equipe do museu. “É um espaço para nossos alunos, servidores e professores desenvolverem a extroversão do conhecimento produzido em suas pesquisas”, conta Marcelo Duarte, professor e atual diretor do museu.

Peixes conservados da coleção do Museu de Zoologia na exposição A vida secreta dos peixes-elétricos - Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Outro objetivo da exposição é mostrar a importância das coleções do MZ para a realização de pesquisas. “Esperamos apresentar como elas ajudam a construir o conhecimento sobre a biodiversidade”, afirma Maria Isabel Landim, professora e atual chefe técnica da Divisão de Difusão Cultural do museu. 

Marcelo Duarte da Silva, diretor do Museu de Zoologia da USP, destaca exposições como forma de mostrar conhecimento produzido em pesquisas - Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A realização da mostra é uma parceria entre o Laboratório de Ictiologia e a Divisão de Difusão Cultural do MZ e o Aquário de São Paulo. A exposição conta com elementos de acessibilidade visual, dentre eles mapa, piso e corrimão táteis e textos adaptados para Braille, e pode receber novos recursos nos próximos meses. Para entrar em contato com a equipe do museu, escreva para o e-mail ddcmz@usp.br ou ligue no número (11) 2065-6670.

A vida secreta dos peixes-elétricos
Período: um ano, a partir de 13 de setembro de 2023, de quarta a domingo, inclusive feriados, das 10h às 17h, última entrada às 16h30
Local: Galeria de Exposições Temporárias, no segundo andar do Museu de Zoologia da USP, Av. Nazaré, 481, Ipiranga
Entrada: gratuita; agendamento necessário somente para grupos de mais de 10 pessoas, no site do museu.

*Estagiária sob supervisão de Thais H. Santos


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