Estudo pioneiro da USP investiga saúde de brasileiros há 40 anos

Em Ribeirão Preto, evento dias 16 e 17 de maio vai discutir resultados da mais antiga pesquisa de coorte de nascimentos do País

 08/05/2019 - Publicado há 6 anos
Estudo de coorte realizado em Ribeirão Preto tem acompanhado nascidos nos anos de 1978 e 1979 para avaliar os determinantes e as consequências, em longo prazo, do baixo peso ao nascer, do nascimento prematuro e da restrição do crescimento intrauterino – Foto: Flavio Marvel/Flickr-cc

 

Estudo de coorte ou longitudinal é aquele que analisa um determinado grupo de pessoas durante um longo período de tempo. A metodologia permite observar, por exemplo, como uma doença se manifesta entre esses indivíduos e quais os fatores de risco associados a ela. “As pessoas que participam desse tipo de estudo trazem consigo uma história do ciclo vital. Nós podemos observar as condições de nascimento delas e investigar como isso influencia o ‘conjunto da obra’ do adulto e do idoso que elas serão”, explica o médico Marco Antonio Barbieri.

É por isso que um evento científico da USP, em Ribeirão Preto, ganhou o nome de A criança é o pai do homem. Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Barbieri coordenou, 40 anos atrás, o primeiro estudo de coorte de nascimentos no Brasil e vai falar sobre os resultados deste e de outros estudos nos dias 16 e 17 de maio. O encontro reunirá pesquisadores envolvidos no projeto, que começou no interior de São Paulo e deu origem a trabalhos semelhantes nas cidades de Pelotas (RS) e São Luís (MA), fornecendo dados valiosos sobre a saúde dos brasileiros.

Os pesquisadores da USP acompanharam um grupo de nascidos entre 1978 e 1979 e observaram as consequências, a longo prazo, do baixo peso ao nascer e do nascimento prematuro, entre outros fatores, inclusive socioeconômicos, como escolaridade e relacionamento familiar. “Observamos, por exemplo, a violência e a desigualdade ao olhar para os dados de mortalidade entre os adolescentes: oito de cada dez mortos são homens, pobres e negros”, conta Barbieri. Outro achado importante foi o de que pessoas nascidas por parto cesárea tinham 58% mais chance de estarem obesos aos 23 anos. Mais resultados – alguns ainda inéditos – serão apresentados durante o evento.

O médico coordena, atualmente, um outro estudo de coorte de nascimento, iniciado em 2010. Batizado de Brisa, a investigação envolve as cidades de Ribeirão Preto e São Luís. O objetivo é estudar novos agentes causadores do nascimento prematuro e analisar a saúde no período perinatal (entre 22 semanas completas de gestação e os sete dias) e o crescimento e desenvolvimento infantil a partir do segundo ano de vida.

Contribuições e desafios

O evento em Ribeirão Preto conta com a participação de pesquisadores e membros de agências de fomento à pesquisa no País.

Eles discutirão as contribuições científicas dessa e das demais coortes de nascimento brasileiras, além de falar dos desafios metodológicos e perspectivas para os trabalhos.

“É muito difícil realizar esse tipo de estudo, pelas dificuldades de financiamento e também porque as pessoas se mudam, trocam de telefone ou então não querem mais participar. Mas quando os resultados aparecem, eles têm muita força”, comenta o professor Marco Antonio Barbieri.

O evento será no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, na Rua Bernardino de Campos, 999.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link. Acesse a programação completa pelo site.

Com informações de Luciano Filho, de Ribeirão Preto


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