Arte sobre foto: USP Imagens/Umatch

Estudantes da USP criam aplicativo de relacionamento exclusivo para universitários

Umatch já conta com mais de 50 mil usuários de 391 faculdades; startup recebeu R$ 900 mil em investimento da Poli Angels, Harvard Angels, FEA Angels e INSEAD Angels

 21/10/2021 - Publicado há 3 anos

Hérika Dias

Um aplicativo de relacionamento que só universitário pode participar, basta receber um convite, comprovar o vínculo com a universidade e pronto. Você pode interagir com quem estuda na mesma ou em outras universidades. Essa é a Umatch. Lançado em setembro do ano passado, o app já conta com 50 mil usuários de 391 faculdades, e acumula 1,2 milhão de matches. 

Por enquanto, ele está disponível apenas para estudantes de universidades paulistas, o objetivo é triplicar a base no Estado para depois iniciar a expansão para outras cidades brasileiras. Já são 12 mil na lista de espera para fora de São Paulo. O plano dos criadores do app é formar a maior rede de integração universitária do mundo. 

A ideia veio justamente de quem está e vive no mundo universitário. Bruno Adami, 23 anos, estudante de Engenharia de Computação da Escola Politécnica (Poli) da USP, em São Paulo, sempre esteve engajado em grupos e eventos da Universidade. Um dia, conversando com amigos sobre formas de empreender para o meio universitário, veio a ideia da Umatch. 

“Alguém falou sobre comentários de estudantes pedindo por um aplicativo de relacionamentos só para universitários. No dia que ouvi isso, me questionei o porquê que não tinha. Voltei para casa animado e já esbocei uma versão do logotipo do aplicativo, e comecei a desenhá-lo”, afirma o aluno da USP.

Em busca de soluções para o app, como verificar se o usuário é universitário, por exemplo, o estudante foi apresentado a Cayo Syllos, 25 anos. Ele tinha estudado Engenharia Elétrica na Poli, mas interrompeu o curso para fazer Ciência da Computação, nos Estados Unidos, onde se formou neste ano.

Cayo Syllos e Bruno Adami, criadores da Umatch - Foto: Divulgação/Umatch

“O Cayo também tinha vontade de empreender, mostrei a ele o que tinha imaginado e nos juntamos para colocar esse projeto para frente”, conta Bruno. Era agosto de 2019 quando eles iniciaram reuniões de planejamento e pesquisa de mercado com os próprios colegas da Poli.

Bruno participava de mais de 40 páginas no Facebook relacionadas a alunos da USP, nas quais divulgava a Calistenia USP – associação atlética que criou para promover conjunto de exercícios físicos que usam o próprio peso corporal.

Foi nessas páginas que ele e o Cayo começaram a testar a Umatch, fazendo pré-cadastros de universitários interessados no app. Em poucos dias, o número chegou a 600 pessoas. E quando eles começaram a divulgar em outras universidades, foram 9 mil interessados. Hoje, 12% dos alunos da USP estão cadastrados na Umatch.

O conhecimento sobre programação para o aplicativo Bruno já tinha devido à graduação e aos estágios feitos. Para aprender mais sobre o negócio, ele se inscreveu em Engenharia de Produção na tradicional universidade italiana Politecnico di Torino, através do programa de duplo diploma que a Poli disponibiliza a seus alunos.

Com a pandemia de covid-19, o estudante acabou cursando as aulas a distância. Apesar da situação de emergência sanitária ter adiado os planos de lançamento do aplicativo no começo de 2020, no final, se tornou um motivador. “Muitas pessoas estavam entrando na faculdade e não tendo aquele momento de integração, isso nos motivou ainda mais a conectar quem estava isolado”, diz Bruno. 

E assim, em setembro de 2020, eles fundaram a startup – que tem o mesmo nome do aplicativo – e a primeira versão da Umatch disponível para Android e iOS. O vídeo do lançamento pode ser conferido aqui.

Como encontrar o crush na Umatch

Para fazer o login, o usuário precisa de um convite, que pode ser cedido por um amigo que já está na Umatch ou por um grupo universitário, que pode entrar em contato com a Umatch para liberar inscrições através de suas redes sociais

Diferente de outros apps de relacionamento, a Umatch disponibiliza aos usuários o “Filtro Universitário”, funcionalidade na qual eles podem filtrar as pessoas por universidade, curso e idade e encontrar aquele crush que não sai da cabeça. Além disso, o app conta com gamificação e os usuários podem ganhar Ucoins (moeda da Umatch) e trocá-las por benefícios, como ver quem os curtiu.

Para conseguir moedas, o usuário precisa cumprir alguns objetivos, como dar match com pessoas de outras universidades, entrar no aplicativo em dias determinados, estimulando a integração na comunidade.

Caso queira ter acesso a mais funcionalidades, os estudantes podem assinar o plano Premium. Lançada em julho, a versão Premium custa R$ 19,90 por mês e libera reações ilimitadas, permitindo que o usuário veja todos que curtiram seu perfil e dá acesso ilimitado ao voltar atrás, botão que permite cancelar ou alterar reações.

Os assinantes também têm um clique por dia no botão “Quero Muito”, que exibe e dá prioridade ao usuário Premium na fila do pretendente e outro clique no “Te Notei”, com as mesmas funcionalidades do Quero Muito, mas que pode ser usado em usuários encontrados pelo filtro.

Os próximos passos, com a retomada dos eventos presenciais, é explorar a funcionalidade de “Eventos”, na qual os usuários poderão dar match com quem vai à mesma festa que eles antes da festa acontecer, o que gera valor tanto para os universitários como também para produtores de eventos que queiram engajar mais pessoas. 

“Os eventos são um canal muito forte para os universitários encontrarem quem eles querem para se relacionar presencialmente. Colocando o Eventos, vamos diminuir a distância entre a Umatch virtual e o encontro real”, aposta o fundador do app.

Investimento de quase R$ 1 milhão

Em setembro, a Umatch recebeu um aporte de R$ 900 mil liderado pela Poli Angels, associação de investidores-anjo fundada por ex-alunos da Escola Politécnica da USP, com participação de associados da Harvard Angels – grupo de investimento formado por ex-alunos da Harvard Business School (HBS), FEA Angels (ex-alunos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP) e INSEAD Angels. Pela primeira vez, Poli Angels e Harvard Angels investem juntas na mesma startup.

Para suportar o crescimento, a startup deve investir o valor no desenvolvimento do aplicativo e experiência do usuário para expansão da rede.

Para Fernando Montera Filho, vice-presidente da Poli Angels, a decisão de investimento foi motivada pelo potencial do mercado e pela capacidade de execução dos fundadores, também alunos da Poli. Além disso, ele acredita que a história da Umatch pode inspirar outros universitários a seguirem a trilha do empreendedorismo, o que torna este investimento especial. A Poli Angels também investiu em outras 15 startups nos três anos desde sua fundação, totalizando mais de R$ 5 milhões em aportes.

“O que motivou nossa participação na rodada foi a capacidade de execução dos empreendedores. Para a Harvard Angels, é essencial promover a maior colaboração entre alguns grupos de anjos e apoiar o desenvolvimento não apenas da Umatch, mas de todo o ecossistema de inovação do Brasil. Entendemos que, juntos, podemos facilitar ainda mais o acesso de empresas nascentes que necessitam de apoio em sua fase inicial de crescimento”, afirma o presidente da Harvard Angels of Brazil, Ruy Chaves. Atualmente, a Harvard Angels possui mais de 130 associados e mais de 25 investimentos ativos.

Para a FEA Angels, “poder apoiar startups que saiam da graduação e tenham impacto no meio universitário foi o que chamou a atenção dos nossos anjos investidores para a Umatch”, ressalta Fernando Rolim, vice-presidente da rede que já investiu em empresas como S2 Pets, Fluke, Conta Simples e Carupi.

Para o INSEAD Angels, o grande foco é investir em líderes transformadores com potencial global. “Vimos na Umatch um grupo de fundadores engajado, com uma boa capacidade analítica e empreendedora, em um setor de mercado que despertou bastante interesse dos membros”, ressalta Alieksiei Martins, fundador e colíder do grupo aqui no Brasil. 


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