Fotos: Marcos Santos e Cecília Bastos/USP Imagens

Comunidade USP: somos mais de 120 mil pessoas

Número inclui estudantes, professores, pesquisadores e funcionários registrados no Anuário Estatístico 2023; maioria é do gênero masculino e branco

 23/10/2023 - Publicado há 12 meses     Atualizado: 25/10/2023 às 13:54

Hérika Dias

Quem são as pessoas que estudam, pesquisam e trabalham em uma das principais universidades da América Latina? As respostas estão no Anuário Estatístico da USP, um censo que reúne dados e estatísticas demográficas e acadêmicas. A publicação é divulgada desde 1987.

Nas palavras do reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior: é uma “importante ferramenta para dar visibilidade e prestar contas à sociedade sobre as ações desenvolvidas pela Universidade”. O último saiu em junho deste ano, referente a 2022. Entre estudantes, docentes (professores), pesquisadores e funcionários, a comunidade USP chegou a mais de 120 mil pessoas, para ser mais preciso 120.598.

A maior parte são estudantes: 60.120 matriculados na graduação e 37.238 na pós-graduação. E a maioria se concentra na cidade de São Paulo: 68,06% dos alunos de graduação e 70,33% da pós.

A concentração na capital paulista é explicada pela oferta de cursos. Somente na graduação, são 227 opções em São Paulo. Em Ribeirão Preto, que é a segunda cidade com mais cursos, tem 49. A USP está presente também em São Carlos, Piracicaba, Lorena, Pirassununga e Bauru, todas no interior do Estado.

Distribuição da população da USP

Dados do Anuário Estatístico da USP 2023

1.098

Alunos de Ensino Fundamental, Médio e Técnico

60.120

Alunos de Graduação

37.238

Alunos de Pós-Graduação

4.137

Pós-Doutorandos

5.151

Docentes

12.854

Servidores Técnico e Administrativo

TOTAL

120.598

Mas fora os estudantes, a universidade também conta com docentes que, além de se ocuparem do ensino, realizam pesquisas e atividades voltadas à comunidade. Na USP, eles são 5.151. A esse número, acrescenta-se outros 2.845 professores seniores. Uma das novidades do Anuário 2023 foi a inclusão dos docentes que já se aposentaram, mas continuam voluntariamente em salas de aulas, sem receber nada além da aposentadoria, pelo simples prazer de lecionar. 

Já quem dá o suporte, coloca tudo para funcionar e é responsável pela manutenção da universidade, são os 12.854 chamados servidores técnico-administrativos. Eles exercem as mais variadas funções, que vão desde pedreiro, motorista, a técnico de laboratório, bibliotecário.

Onde estudam os alunos de graduação?

A maioria na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH): são 9.138. Depois vem a Escola Politécnica (Poli) com 5.079 e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades: 4.692

Alunos estrangeiros matriculados na graduação:

305, a maioria está na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), em São Paulo: 33

De onde eles vêm?

Japão (42), Peru (23) e Coreia do Norte (17)

Concorrência no vestibular

Atenção: dados do vestibular de 2023

Cursos com maior relação candidato vaga na Fuvest

  • Medicina, São Paulo (118)
  • Medicina, Ribeirão Preto (95,9)
  • Relações Internacionais  (84,2)

Cursos com menor relação candidato vaga na Fuvest

  • Engenharia de Minas – integral (0,6)
  • Lazer e Turismo (1)
  • Geofísica – diurno (1)
  • Meteorologia – diurno (1)

Cursos com maior relação candidato vaga no Enem-USP

  • Medicina, Bauru (747,9)
  • Fisioterapia (560,3)
  • Relações Internacionais – diurno (425,2)

Cursos com menor relação candidato vaga no Enem-USP

  • Geociências e Educação Ambiental (5,2)
  • Ciências da Natureza (6)
  • Lazer e Turismo – Vespertino (6,9)

Comunidade masculina e branca

Nas informações de raça/cor e gênero, os estudantes de ensino fundamental, médio e técnico não são considerados. Assim, dos 119.500 alunos de graduação, pós-graduação, pós-doutorandos, professores e funcionários técnico-administrativos que compõem a comunidade USP, 52,6% são do gênero masculino.

Mais da metade se identifica como branco: 57,2%, lembrando que, nesse quesito, 22,8% preferiram não informar sua raça/cor, conforme constava no questionário. 

Os números indicam que a USP é predominantemente masculina e branca, sobretudo quando se considera apenas os professores. Dos 5.151 docentes, 2,7% não informaram a raça/cor e 91,23% se autodeclararam brancos.  

Porcentagem da população da USP por raça/cor

Dados do Anuário Estatístico da USP 2023

Apenas dois professores se autodeclararam indígenas, 192 como amarelos, 93 como pardos e 28 como pretos. A unidade que tem maior percentual de docentes que se identifica como APPI é o Instituto de Relações Internacionais (IRI): 17,65%. 

Um dos coletivos negros da USP e o professor Kabengele Munanga: quase 20 mil pessoas da comunidade uspiana se identificam como pretas ou pardas -
Fotos: Arquivo pessoal e Cecília Bastos/USP Imagens

A discrepância entre os gêneros é maior entre os professores. As mulheres representam apenas 37,49% entre o total de docentes. Chama atenção a baixa presença de professoras em algumas unidades. No Instituto de Física de São Carlos, elas são apenas 11,54%. Na Escola Politécnica, a situação é parecida, dos 385 docentes, 13,77% são professoras. Na Escola de Educação Física de Ribeirão Preto (EEFERP), representam 15,79%.

Em relação aos servidores técnico-administrativos, dos 12.854, 3% não informaram sua raça/cor e 77,4% se autodeclararam brancos. Do ponto de vista de gênero, os números são mais equilibrados com 47,7% de presença feminina. 

Em 23 de maio deste ano, a reitoria da USP informou que passará a adotar políticas afirmativas para pretos, pardos e indígenas (PPI) em concursos públicos para cargos de docentes e para processos seletivos de servidores técnicos e administrativos. 

O tipo de ação afirmativa aplicável a cada concurso público ou processo seletivo será definido a partir do número de vagas em disputa. Para os concursos ou processos seletivos em que o número de vagas oferecidas seja igual ou superior a três, serão reservadas 20% das vagas existentes ao público PPI.  

Distribuição da população da USP por raça/cor

GraduaçãoPós-GraduaçãoPós-doutorandoprofessorservidortotal
Amarelo2.986611511923494.189
Branco38.54913.960 1.1484.699 9.94668.302
Indígena6678325154
Pardo10.4612.592124931.50514.775
Preto3.12493631286994.788
Não informado4.93419.0612.66413738027.176
Total60.12037.2384.0215.15112.854119.384

Dados do Anuário Estatístico da USP 2023

Dados do Anuário Estatístico da USP 2023

A situação entre os alunos matriculados na graduação é um pouco mais diversa, no entanto, predomina os que se autodeclararam brancos: 64,1% entre os mais de 60 mil estudantes. O segundo maior grupo é de pardos, com 17,4%, seguido de pretos (5,2%), amarelos (5%) e indígenas (0,1%), não quiseram informar sua raça/cor 8,2%. 

Mais da metade dos pós-graduandos e pós-doutorandos não informaram raça/cor. Entre aqueles que responderam da pós, 37,5% se autodeclararam branco, 7% pardos, 2,5% pretos e 1,6% amarelos

Alunas do centro acadêmico da Escola Politécnica e a biomédica Ana Carolina Souza Ramos de Carvalho: presença do gênero feminino é ligeiramente maior
somente na pós-graduação - Fotos: Divulgação/CAEA e Cecília Bastos/USP Imagens

Desde 2017, a Universidade reserva 50% das suas vagas, em cada curso de graduação e turno, a candidatos que estudaram em escolas públicas (EP). Nesse percentual, incide reserva de vagas para candidatos pretos, pardos e indígenas (PPI) equivalente à proporção desses grupos no Estado de São Paulo, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é de 37,5%.

Distribuição da população da USP por gênero

Masculinofemininototal
Aluno de graduação32.46127.65960.120
Aluno de pós-graduação18.30418.93437.238
Pós-doutorando2.0962.0414.137
Docentes3.2201.9315.151
Servidores6.7256.13212.854
Total62.80656.697119.500

Dados do Anuário Estatístico da USP 2023

A presença do gênero feminino entre os estudantes é ligeiramente maior somente na pós-graduação: 50,8% entre os 37.238 alunos. Na graduação, 54% dos 60.120 estudantes são homens.

Mais detalhes sobre a comunidade

O responsável pelo Anuário Estatístico da USP é o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida). O escritório está formulando melhorias na coleta de dados demográficos da comunidade uspiana.

“Nós criamos um grupo de trabalho formado por representantes das cinco pró-reitorias e tinham dois objetivos: definir indicadores para as pró-reitorias e definir informações básicas que todo dirigente na USP deveria ter armazenadas para tomada de decisão” explica a coordenadora do Egida, professora Fátima de Lourdes dos Santos Nunes.

A partir disso, foi criado um cadastro pessoal único para qualquer pessoa que vier estudar ou trabalhar na USP. Ele foi padronizado com base nas informações que professores e servidores técnico-administrativos já devem responder durante o recadastramento anual do governo do Estado de São Paulo.

Fátima Nunes - Foto: Arquivo Pessoal

Fátima de Lourdes dos Santos Nunes, professora de Ciência da Computação na USP e coordenadora do Egida - Foto: Arquivo Pessoal

Entre as informações estão perguntas sobre sexo, orientação sexual, identidade de gênero, deficiências, como se considera em relação a cor, entre outros. “Começamos a aplicar o questionário neste semestre durante a matrícula dos estudantes de graduação. No próximo semestre, será para a pós-graduação e queremos avançar para quem faz cursos de extensão e todos os outros sistemas da Universidade”, disse Fátima.

Alunos de graduação em aula de Filosofia: graduação tem pouco mais de 60 mil pessoas na comunidade USP - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

De onde vem esses dados?

O Anuário Estatístico da USP não possui apenas dados demográficos, ele é dividido em 14 seções e ainda traz mapas de campi, prédios e outras infraestruturas da Universidade. Muitas das informações são incluídas a partir de demandas das áreas, um exemplo é a seção inovação. 

“As informações sobre patentes, startups e incubadoras mantidas pela USP não eram registradas de uma forma que permitisse fazer uma série histórica. Passamos um tempo estudando os indicadores e propusemos a publicação na seção desde 2020. O mesmo ocorreu com a área de sustentabilidade, que entrou em 2021”, explica o bibliotecário do Egida, André Serradas. 

Neste ano, o anuário trouxe novas informações como a descrição das atividades das fundações de apoio ligadas à USP. Inicialmente foram incluídos dados sobre a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ) e Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE). A expectativa é ampliar esse número nos próximos anuários. 

FotoAndreSerradas (1)

André Serradas, bibliotecário do Egida - Foto: Arquivo Pessoal

As informações do anuário são organizadas pelo Egida e contam com o apoio técnico da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI). 

“Hoje, metade das informações são coletadas dos sistemas corporativos da USP e a outra metade de forma manual. A STI faz a coleta dos dados que estão nos sistemas e nós temos um funcionário responsável por solicitar as informações às unidades, a coleta é muito trabalhosa. Então começamos isso no fim de dezembro ou início de janeiro”, afirma a coordenadora do Egida.

Ela conta que há uma necessidade de melhorar a coleta para fazer com que as informações estejam disponíveis mais rapidamente. A STI formulou um sistema para facilitar a inserção dos dados manuais pela equipe do Egida. “Com isso, agilizamos em pelo menos dois ou três meses o lançamento do anuário e a ideia que a gente diminua ainda mais esse tempo no próximo ano”.

Para conferir mais dados, consulte o Anuário Estatístico em https://uspdigital.usp.br/anuario


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