Por Crisley Santana
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o segundo lugar em casos de hanseníase no mundo, a primeira posição é da Índia. Em 2017, foram 26.875 casos confirmados no País, enquanto na Índia foram 126.164. O diagnóstico da patologia requer, inicialmente, reconhecimento de sintomas. Para facilitar esta identificação, pesquisadoras da Escola de Enfermagem (EE) da USP, em São Paulo, desenvolveram um aplicativo que auxilia o atendimento de pessoas com suspeita da doença.
O aplicativo Hanseníase explica, de maneira didática, o que é a infecção e quais são seus sinais. “Usamos um método que pesquisamos para aplicativos de saúde, que é o design instrucional sistemático”, conta Karen Namie Sakata So, especialista em laboratório de ensino, pesquisa e extensão da EE e uma das desenvolvedoras do software.
A hanseníase é uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Os primeiros sinais e sintomas podem ser percebidos por meio de alterações em áreas da pele, como manchas, perda da sensibilidade e comprometimento dos nervos.
O contágio se dá por meio das vias respiratórias, como a gripe, quando alguém infectado respira perto de outra pessoa. A diferença é que a transmissão da hanseníase requer contato prolongado com a doença e leva muito tempo para se manifestar. “De dois a sete anos. Há casos que demoram até 10 anos para evidenciar sinais”, explica Érica Gomes Pereira, também especialista em laboratório de ensino, pesquisa e extensão da EE, e desenvolvedora do software.
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Além explicar o que é a hanseníase, e mostrar quais são os sinais por meio de imagens, o aplicativo auxilia no procedimento que deve ser realizado por profissionais da saúde em caso de suspeita. Trata-se de um rastreamento de sintomas dermatoneurológicos, ou seja, exames realizados por meio de testes de sensibilidade, palpação de nervos e avaliação da força motora, por exemplo.
Por meio de vídeos, o aplicativo mostra como esse rastreamento deve ser feito. “Depois de o profissional da saúde reconhecer os sinais, deve encaminhar o paciente para a unidade especializada para que sejam realizados exames de diagnóstico e confirmar a suspeita”, diz Érica.
A importância da identificação dos sinais está em impedir maior proliferação da doença e intensificação das sequelas no paciente. “Quando o paciente procura a Unidade Básica de Saúde (UBS) com suspeita, normalmente, já está com muitas sequelas. Por isso a gente acredita que, enquanto enfermeiros, nós precisamos atuar neste rastreamento”, diz Érica, lamentando a pouca exploração da doença no Brasil em pesquisas e fomentos de diagnóstico.
“É importante salientar que o aplicativo é uma ferramenta de apoio, pois precisamos do conhecimento clínico e epidemiológico dos profissionais para utilizá-lo. Neste sentido, ele pode auxiliar os trabalhadores de saúde para que tenham essas informações em mãos”, ressalta Karen.
Veja as funções que o aplicativo oferece na galeria abaixo:
Hanseníase é fruto de uma pesquisa coordenada pela professora Lúcia Yasuko Izumi Nichiata, do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da EE. Além de Érica e Karen, a equipe de pesquisa contou com a estudante Bruna Duarte Canci, bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O desenvolvimento tecnológico foi realizado pelo Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada/LTIA da Universidade Estadual Paulista/Unesp, com assessoria técnica da Divisão de Clínica Dermatológica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e apoio financeiro da Fundação Paulista Contra a Hanseníase.
O aplicativo pode ser encontrado gratuitamente nas lojas de aplicativo Play Store, do sistema Android e Apple Store, sistema IOS. Pode ser utilizado off-line, facilitando o acesso em áreas sem acesso à internet.