A rocha, o entalhe e a tinta: exposição virtual apresenta registros rupestres do Estado de São Paulo

Desenvolvida por grupo de pesquisa do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, é a primeira mostra virtual criada a partir da ideia de metaverso no âmbito da arqueologia pré-histórica do Brasil; além de apresentar os sítios de pinturas e gravuras, traz textos explicativos e modelos tridimensionais

 Publicado: 02/05/2024

Visita virtual à exposição sobre sítios arqueológicos em São Paulo- Imagem: Levoc/Reprodução

Está no ar a exposição virtual A Rocha, o Entalhe e a Tinta: Os Registros Rupestres do Estado de São Paulo, organizada pelo Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente (Levoc), do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP. É a primeira mostra desenvolvida através da ideia de metaverso, que apresenta não apenas imagens de pinturas e gravuras rupestres, mas também textos explicativos e modelos tridimensionais que permitem aos visitantes conhecer partes importantes do acervo rupestre paulista e compreender conceitos básicos sobre a temática. Para acessar o espaço virtual clique neste link.

Desenvolvida sobre a plataforma Spatial.io, a mostra pode ser acessada diretamente pelo computador, mas para celulares e óculos de realidade virtual é necessário primeiro instalar o aplicativo spatial.io, que é gratuito na Google Play e na App Store. Esse sistema vai possibilitar uma maior interação do público com os sítios arqueológicos paulistas, as técnicas de documentação utilizadas na ciência arqueológica e os processos de reconhecimento do estado de conservação dos sítios e dos grafismos.

A exposição traz os resultados das pesquisas desenvolvidas no âmbito de dois projetos: Ocupação humana do Sudeste da América do Sul ao longo do Holoceno: um enfoque interdisciplinar, multiescalar e diacrônico, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); e Documentação, caracterização e análise dos sítios pré-históricos com arte rupestre no Estado de São Paulo – Brasil, que tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), coordenados, respectivamente, pelos pesquisadores Astolfo G. M. Araujo e Marilia Perazzo, ambos do MAE. 

Visitante pode ter uma ideia tridimensional dos grafismos rupestres durante a visita virtual - Imagem: Levoc/Reprodução

O objetivo das pesquisas é identificar, documentar, caracterizar e analisar os sítios pré-históricos com arte rupestre do Estado de São Paulo, por meio de métodos de análise georreferenciados, registros imagéticos e processamento de imagens. Atualmente há 54 sítios com arte rupestre identificados no Estado de São Paulo, dos quais 21 possuem pinturas rupestres, 24 gravuras rupestres e oito as duas manifestações gráficas. “O registro preciso e sistemático destes sítios é de fundamental importância para que estes dados possam ser utilizados como referência para pesquisas futuras. Hoje, podemos inserir São Paulo no mapa rupestre do Brasil”, afirmou Marilia em matéria publicada no Jornal da USP.

Além de imagens dos sítios de pinturas e gravuras, exposição traz textos explicativos e modelos tridimensionais - Imagem: Levoc/Reprodução

Patrimônio cultural e arqueológico

De acordo com os pesquisadores do MAE, há no Brasil poucos trabalhos relacionados à documentação desses registros arqueológicos, abordando métodos e técnicas de tratamento de imagens, sobretudo relativos às gravuras rupestres, em virtude da dificuldade de segregar as figuras em baixo-relevo do suporte rochoso, sem influenciar diretamente as suas formas originais. 

“Sabíamos que este era um universo reduzido e que se intensificássemos as pesquisas, tendo como base as áreas onde já havia sítios cadastrados, poderíamos ampliar esse quantitativo. A pesquisa foi conduzida a partir de prospecções sistemáticas, que tiveram como referências dados geológicos, geomorfológicos e arqueológicos”, destacou Marilia.

Marilia Perazzo, pesquisadora do MAE USP - Foto: Arquivo pessoal

Marilia Perazzo, pesquisadora do MAE USP - Foto: Arquivo pessoal

Exemplo de exibição de informações de um dos sítios arqueológicos que possuem grafismo rupestre - Imagem: Levoc/Reprodução

Entre as finalidades dos estudos estão aperfeiçoar a carta arqueológica de sítios com arte rupestre do Estado de São Paulo, por meio de prospecções sistemáticas em áreas predeterminadas pelos estudos geomorfológicos, geológicos e arqueológicos; efetuar o registro de alta precisão dos sítios com grafismos rupestres (fotogrametria e escaneamento a laser) e modelagem 3D; analisar as pinturas e gravuras rupestres por meio das três dimensões do fenômeno gráfico (Técnica, Temática e Cenografia), buscando inseri-las nas macrodivisões classificatórias já estabelecidas (tradições e estilos), além de fazer o diagnóstico do estado de conservação dos sítios arqueológicos com grafismos rupestres; e efetuar atividades de educação patrimonial.

A proposta do projeto ainda pretende estudar e aplicar metodologias de documentação, análise e intercambiar experiências no que diz respeito ao estudo da arte rupestre no Brasil e da sua importância como patrimônio cultural e arqueológico. Seus resultados podem se traduzir em novas hipóteses sobre como os grupos pré-históricos autores dos grafismos rupestres se relacionavam com o ambiente físico à sua volta e com outros contextos arqueológicos conhecidos. 

Confira a exposição virtual A Rocha, o Entalhe e a Tinta: Os Registros Rupestres do Estado de São Paulo neste link

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