O mundo foi surpreendido com a notícia de que uma nave espacial indiana pousou na lua. É um feito fantástico para a ciência e para a própria Índia. A missão, chamada Chandrayaan, é a terceira de uma série. A primeira viagem espacial desse projeto, que ocorreu em 2008, detectou a presença de água na superfície lunar. A Índia conseguiu sucesso onde várias potências com programas espaciais e robustos fracassaram. Poucos dias antes, a própria Rússia, que já é tarimbada nesse assunto, acompanhou um dos seus foguetes se espatifar em solo lunar; a mesma coisa aconteceu com o Japão em seguida. Esse acontecimento deve ser comemorado pelos cientistas do mundo todo, porque coloca a Índia como a quarta nação a conseguir lançar uma nave espacial para a lua depois dos Estados Unidos, da Rússia e da China.
Vale lembrar que o programa espacial indiano vem de muito tempo. Ele é antigo e o governo indiano, com todas as dificuldades, conseguiu manter seu investimento na engenharia, físicos, químicos, matemáticos, que conseguiram precisamente fazer com que a nave espacial pousasse na lua. Esse é um feito enorme que deve ser comemorado por todo mundo que aprecia e que sabe valorizar a ciência.
Aqui no Brasil, isso deve servir como um grande incentivo, porque já tivemos, em anos recentes, nosso “momento lua”. O fato é que, anos atrás, fomos desafiados a encontrar formas e mecanismos para retirar o petróleo do pré-sal. A Petrobras, com todos os seus cientistas e uma rede de universidades ajudando, conseguiu um feito fantástico para a engenharia brasileira, inclusive antes dos prazos imaginados e fixados pela administração da própria Petrobras. Nós demos um grande salto e temos todas as condições de dar novos saltos.
Espero que a nave espacial indiana sirva de exemplo para os brasileiros, de incentivo, de inspiração. Que o governo mantenha suas promessas de investimento nas áreas de ciência e tecnologia e que a gente avance na área de energia, com o hidrogênio verde, na área de sustentabilidade, na área de materiais de manufatura avançada, na área da saúde, entre outras que têm um mundo de inovações esperando pela inventividade brasileira. A ciência brasileira sempre respondeu positivamente quando foi desafiada e teve condições de desenvolver o seu trabalho. Nós não temos nada que nos impeça de dar mais esse passo à frente.
Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.