Risco de novos rompimentos de barragens preocupa especialista

Cercada por 24 barragens de rejeitos de mineração, Congonhas (MG) convive com alto potencial de acidentes, incluindo patrimônio da Unesco com obras de Aleijadinho

 09/06/2021 - Publicado há 3 anos
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O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com Sandoval de Souza Pinto Filho, diretor ambiental da União de Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), fundada em 21 de junho de 1989, com o objetivo de congregar e representar as associações comunitárias no município de Congonhas, em Minas Gerais.  

O município é conhecido por integrar a lista de Patrimônio Cultural da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), pelas obras do artesão Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, mas também é marcada pelos impactos ambientais da mineração. 

Para o diretor da Unaccon, a mineração traz “poeira, problemas hídricos e problemas sociais” para Congonhas, que ainda convive com o risco do rompimento de barragens.  Segundo relatório feito pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Congonhas, conta Pinto Filho, ao todo, a cidade é cercada por 24 barragens de rejeitos de mineração, entre as quais 54% apresentam algum dano potencial considerado alto, incluindo a probabilidade de ruptura.

A maior delas, a Barragem Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada próxima à área urbana, é a que apresenta maior risco. “É uma atividade que cresceu, mas sem pensar na vizinhança”, adianta o especialista ambiental, informando que a estrutura, que acondiciona cerca de 65 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração, está localizada a cerca de 250 metros de casas e a 2,5 quilômetros do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. 

De acordo com o diretor da Unaccon, há algum tempo as barragens já apresentam riscos. “Problema de rompimento de barragem aqui para nós não é novidade. Já tivemos, em 2008, um bairro que alagou, mas não matou ninguém e ficou por isso mesmo”, conta. Para amenizar o problema, Pinto Filho defende que seja adotado todo o tipo de prevenção, pois a sociedade civil tem “direito a respeito, responsabilidade, transparência e o uso de tecnologias adequadas” pelas empresas que desenvolvem atividade de mineração na região. 


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