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Há pelo menos 13 dias, o índice da Bolsa de Valores São Paulo, o Ibovespa, vem fechando os balanços com quedas significativas. Trata-se de um dos períodos com maior queda consecutiva, chegando a cerca de 5%.  O que teria levado a isso?

Podemos  pensar principalmente em quatro fatores. O primeiro deles é um crescimento menor da economia chinesa, que vinha crescendo na casa de 8% a 10% ao ano nas últimas décadas e a expectativa é que agora fique mais próximo de 3%.  A economia chinesa tem apresentado alguns problemas em relação a um investimento muito alto, e talvez até acima,  do que a economia comporta, um investimento desnecessário principalmente no setor imobiliário.

A  economia americana que, por outro lado, vem crescendo acima da expectativa, está apresentando indicadores de desempenho favoráveis também no mercado de trabalho, mas está com uma taxa de inflação alta. Esse mercado de trabalho apertado faz com que o Banco Central americano tenha que aumentar mais um pouco os juros. Isso causa uma fuga de capitais para a economia americana, prejudicando as demais moedas.  O dólar deprecia as outras moedas, inclusive o real acaba se depreciando, porque esse capital está indo para lá. Isso impacta o preço, o que é ruim para a gente, já que também estamos com uma inflação acima da meta, além da fuga de capitais. É dinheiro saindo do Brasil, inclusive da Bolsa de Valores.

Temos aqui problemas internos, com  uma agenda de reformas que vem caminhando. O novo arcabouço fiscal é um ponto importante para a economia brasileira, a questão da reforma tributária, mas alguns problemas políticos têm empacado o andamento dessas reformas e isso acaba afetando também as expectativas dos agentes econômicos de uma forma geral, inclusive investidores. Porém, tem a questão de uma realização de lucro por parte dos investidores que investem em ativos financeiros. A Bolsa veio crescendo nos últimos meses, teve um aumento considerável, e aí eles vão lá e vendem as ações para realizar esses lucros, fazendo com que o preço das ações caia. A expectativa que se tem é que a economia americana acabe se normalizando, os  juros parem de aumentar e já possivelmente possa começar uma nova trajetória a partir do próximo ano.

É claro que muitas coisas ainda podem acontecer, e não só essas reformas são importantes. O  governo tem que continuar nessa trajetória e não entrar em políticas que possam gerar maiores problemas para a economia brasileira, como é o caso de uma volta do protagonismo do BNDES para políticas de incentivo a determinados setores com o dinheiro público. Então, o governo fazendo as coisas corretas e normalizando o cenário externo, a tendência é que a Bolsa de Valores e a economia brasileira, de uma forma geral, melhorem até o final do ano que vem.

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