Projeto de Lei que permite uso da casa própria como garantia de empréstimo pode levar famílias à ruína

“70% das famílias brasileiras possuem casa própria. Isso mostra a importância da casa própria para o trabalhador brasileiro, afinal, ela representa uma garantia frente as incertezas da vida”, afirma Nabil Bonduki

 16/06/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 20/06/2022 as 12:44
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Na edição de Cotidiano na Metrópole desta semana, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, discute a aprovação do Projeto de Lei 4.188/2021, proposto por Jair Bolsonaro, que autoriza a utilização de imóveis próprios como garantia de empréstimos. De acordo com a proposta, se o morador não conseguir pagar a dívida, o banco está autorizado a tomar o imóvel para quitá-la.

Para Bonduki, o projeto que será encaminhado ao Senado “traz um enorme risco para as famílias brasileiras”. De acordo com o urbanista, “70% das famílias brasileiras possuem casa própria. Isso mostra a importância da casa própria para o trabalhador brasileiro, afinal, ela representa uma garantia frente as incertezas da vida”.

Se aprovado, o Projeto de Lei irá retirar a segurança habitacional que as famílias brasileiras possuem atualmente. O cenário, ilustrado pelo professor, envolve diversos riscos: “A pessoa que vai contrair o empréstimo vai conscientemente colocar seu imóvel como garantia, mas temos que levar em conta que 60 milhões de brasileiros, ou seja, 40% dos adultos no Brasil hoje, estão inadimplentes em algum tipo de empréstimo”. Lembrando os altos juros bancários praticados no Brasil, Bonduki prevê uma enxurrada de despejos no futuro, caso a proposta passe.

“Isso poderá levar à ruína muitas famílias brasileiras que, com muito sacrifício, construíram suas casas e pagaram prestações”, alerta o especialista.


Cotidiano na Metrópole
A coluna Cotidiano na Metrópole, com o professor Nabil Bonduki, vai ao ar quinzenalmente às quinta-feira às 9h00, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção a Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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