Edição da Virada Cultural 2022 falha em promover sociabilidade no centro de São Paulo

Embora relatos de violência tenham acontecido em edições anteriores do evento, Nabil Bonduki reforça que “esses problemas eram enfrentados como têm que ser enfrentados os problemas de violência na cidade”

 02/06/2022 - Publicado há 2 anos
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Na edição de Cotidiano na Metrópole desta semana, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, discute a realização da Virada Cultural que, em sua edição de 2022, no último sábado (28) e domingo (29), espalhou sua programação por bairros distantes e periféricos ao invés de concentrar os principais palcos no centro da capital paulista.

“Depois de dois anos de interrupção, em decorrência da pandemia, aconteceu neste último final de semana em São Paulo mais uma edição da Virada Cultural, considerada um dos maiores eventos culturais do mundo desde 2005”, sintetiza Bonduki ao reforçar que a Virada foi concebida originalmente como uma forma de “revisitar o centro da cidade de São Paulo e criar sociabilidade entre as pessoas de diferentes segmentos sociais e faixas etárias”.

Neste ano, ao contrário das edições anteriores, o evento cultural se concentrou no recém-inaugurado Vale do Anhangabaú que, de acordo com o urbanista, “foi totalmente cercado, inclusive com tapumes”. Se a intenção era coibir a violência, a iniciativa não deu certo, conta o professor: “Nada disso impediu que acontecessem, no interior do espaço, cenas de violência, furtos de celular e brigas”.

Embora relatos de violência tenham acontecido em edições anteriores da Virada, Bonduki reforça que “esses problemas eram enfrentados como têm que ser enfrentados os problemas de violência na cidade, com melhor iluminação pública, melhor ocupação dos espaços entre os vários palcos, com barracas com comércio, com venda de artesanato e melhorando o policiamento”.

Para o professor, com o atual estado da capital, incluindo aí a fracassada intervenção na Cracolândia, fica difícil retomar o espírito original do evento. “A Virada Cultural era mais do que um festival de música, ela era uma forma de recuperação do espaço público, de encontro de pessoas de diferentes tribos, um espaço de sociabilidade para as mais diferentes manifestações artísticas e culturais. Por isso, talvez aquele espírito original da Virada não pudesse se reproduzir neste ano de 2022”, finaliza.


Cotidiano na Metrópole
A coluna Cotidiano na Metrópole, com o professor Nabil Bonduki, vai ao ar quinzenalmente às quinta-feira às 9h00, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção a Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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