Venenosas, Nocivas e Suspeitas é o nome da exposição que Giselle Beiguelman inaugura no Centro Cultural Fiesp, no dia 5 de novembro. Essa exposição, que tem curadoria de Eder Chiodetto, relaciona plantas que foram proibidas ou demonizadas – por razões que vão do seu emprego em práticas rituais, a poderes afrodisíacos ou alucinógenos – a mulheres que foram apagadas da história da arte e da ciência, como a brasileira Maria Bandeira e a italiana Trótula de Salerno, que viveu no século 11 na Itália.
A partir de extensa pesquisa, Giselle cruza as histórias de figuras como Maria Bandeira, Marianne North e Maria Sybilla Merrian com as das plantas carnívoras, ou com fungos, como os cogumelos, e ervas como a cannabis e até a erva-mate. A exposição inclui vídeos e retratos fictícios de cientistas mulheres que foram ignoradas por séculos, criados com IA, além de um jardim com plantas estigmatizadas, muitas das quais por sua relação com a cultura dos escravizados africanos e dos povos indígenas, como glória-da-manhã (também conhecida como ipomeia violeta), a guiné, o manjericão, além de ilustrações que misturam estética botânica dessas artistas com estéticas computacionais.
Giselle conta que busca não apenas resgatar essas mulheres e o seu trabalho, que foram esquecidos, “mas também provocar uma reflexão crítica sobre como interpretamos e interagimos com a natureza. Ao transformar digitalmente plantas historicamente marginalizadas em entidades visuais complexas, procuro revelar camadas de significado que se acumularam em torno delas ao longo dos séculos. O objetivo é desconstruir os vários mitos e preconceitos enraizados que ainda hoje influenciam a nossa percepção da natureza e da tecnologia”.
A exposição, a ser aberta ao público no dia 6 de novembro, fica em cartaz até o dia 20 de abril do ano que vem “e eu espero vocês lá, no Centro Cultural Fiesp, na Galeria de Fotos, para celebrarmos a vida e a obra dessas cientistas-artistas e da memória dessas plantas”.
Ouvir Imagens
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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