Pela primeira vez, técnica de edição genética traz resultados promissores para tratamento de tumores sólidos

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, realizaram testes com 16 pacientes com câncer de cólon e de mama

 24/11/2022 - Publicado há 2 anos

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No ano em que se completa meio século de terapia gênica, uma pesquisa publicada em novembro na revista Nature por uma equipe da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou, pela primeira vez, que a tecnologia de edição genética conhecida como CRISPR trouxe resultados promissores no tratamento de tumores sólidos que não respondem às terapias convencionais.

A estratégia utilizada pelos cientistas foi a de alterar as células do nosso sistema imunológico para que reconheçam que o tumor é algo que precisa ser destruído. No estudo, foram incluídos 16 pacientes com diferentes tipos de câncer, incluindo tumor de mama e de cólon. O primeiro passo foi identificar as mutações presentes só no tumor e, para isso, foi necessário sequenciar DNA do sangue do paciente e do tumor. “Aí reside a primeira dificuldade, porque as mutações variam em diferentes tipos de câncer”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP.

Depois disso, usando algoritmos, os pesquisadores conseguiram determinar quais as mutações dos tumores seriam capazes de provocar uma resposta às células T e, a partir daí, eles modificaram com tecnologia CRISPR a proteína chamada de receptores das células T, capazes de reconhecer as mutações dos tumores.

O próximo passo foi inserir essas células T modificadas, conhecidas como células CAR-T, em cada paciente. Após a ingestão de drogas, por parte dos pacientes, para inibir seu próprio sistema imune e permitir a ação das novas células T modificadas, foi preciso certificar que elas estavam presentes no sangue circulante, próximo aos tumores. “Não é difícil entender a dificuldade desse processo que, em alguns casos, leva mais de um ano”, aponta a geneticista.


Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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