A percepção da ciência, os desafios da divulgação científica e a postura responsável que cientistas devem manter diante da pandemia de covid-19 são o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “A quantidade de informações disponíveis para a população sobre a pandemia é muito grande e, nesse momento, é fundamental saber quais informações são confiáveis e quais servirão apenas para disseminar pânico”, afirma. “Navegando na internet e em redes sociais, encontrei muita informação útil, mas também encontrei muita desinformação.”
O físico lembra que, em 2003, houve a pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que se espalhou menos do que a atual e exigiu forte trabalho concentrado de epidemiologistas em nível mundial. “Em outubro de 2007, um artigo de revisão publicado em Clinical Microbiology Reviews chamava a atenção para a disponibilidade de 4.000 artigos produzidos rapidamente sobre a moléstia”, relata. “Havia também uma advertência: apesar da forte resposta da comunidade científica da época, ainda havia lacunas no conhecimento sobre esse vírus, sua base molecular, estabilidade física, transmissibilidade etc.”
“Talvez esse novo vírus tenha chegado num dos piores momentos possíveis, dada a desvalorização da ciência que vimos em anos recentes, com o ressurgimento de movimentos populistas de extrema direita e a influência destrutiva que assumiram em democracias ocidentais”, ressalta Nussenzveig. “A importância do método científico está justamente na possibilidade de qualquer um, com as ferramentas corretas, poder contestar argumentos ‘de autoridade’. Esse é um cuidado fundamental a ser tomado na divulgação da ciência.”
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Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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