Mudam as estações e os problemas, mas os efeitos sobre a população permanecem

Dengue, chuvas, deslizamentos e perdas de bens materiais são apenas alguns problemas decorrentes das intempéries climáticas, os quais devem ser encarados de frente, o que exige constantes desafios

 Publicado: 01/04/2024
Por

Logo da Rádio USP

Os efeitos do clima sobre a saúde e o bem-estar humano são o tema sobre o qual Paulo Saldiva volta a se concentrar em sua coluna. De acordo com ele, mudam as estações e os problemas , mas o efeito é o mesmo: perda da qualidade de vida e de saúde da população brasileira, acarretada pela dengue, por exemplo, sem esquecer os deslizamentos de terra e a perda de bens materiais e de vida das populações que vivem em áreas de risco. “Existe uma assimetria entre a capacidade que nós temos hoje disponíveis no País para fazer previsões de tempo e, ao mesmo tempo, a falta de mecanismos para proteger efetivamente as pessoas que vivem nessas mesmas áreas. Se fizermos um aviso de chuvas torrenciais, como acontece na previsão do tempo, o que farão as pessoas? Se abandonarem suas casas correm o risco de perder tudo por furto. Se permanecerem em suas casas têm risco de perderem tudo pelas inundações ou pelos deslizamentos de terra”.       

Segundo Saldiva, estamos diante de um novo paradoxo, “que significa que nós temos dados suficientes para prever os impactos e um cenário de múltiplas razões pelos quais a gente não consegue proteger efetivamente as pessoas. Esse é o desafio que está aí, para todo mundo […] esse é um papel onde a pesquisa, principalmente a pesquisa de implementação, pode ajudar ou estabelecer estratégias de prioridade dentro desse mar de problemas pelos quais certamente iremos passar nos grandes centros urbanos. E como desenhar isso de formas específicas, porque, ao longo do território brasileiro, algumas áreas como a Amazônia vão sofrer de inundações, as áreas serranas sofrerão deslizamentos. E como desenhar alternativas regionalizadas? Como capacitar as Prefeituras e dar recursos a elas antes que o fenômeno ocorra? Como acelerar esse processo? Para Saldiva, trata-se de um desafio extraordinário, “mas eu creio que o sistema de pesquisa no Brasil, incluindo a Universidade de São Paulo, está qualificado para poder contribuir decisivamente para essa questão, como tem feito ao longo de décadas”.


Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

.

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.