Modelo desenvolvido na Poli pode auxiliar motoristas na escolha de rotas durante temporais

O estudo, desenvolvido por Enzo Gonçalves Yulita, pode ser formalizado na prática pelo desenvolvimento de um aplicativo que auxiliaria na tomada de decisão do usuário durante o percurso

 24/11/2023 - Publicado há 5 meses
No processo de criação do modelo, precisou ser pensado um conjunto de rotas escolhidas e alternativas com variáveis – Foto: Beedieu/Visualhunt
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O município de São Paulo apresenta cerca de 6,2 milhões de automóveis registrados, de acordo com um levantamento realizado pelo Departamento Estadual de Transporte de São Paulo (Detran-SP). Com tamanho volume de motoristas, os recentes temporais têm impactado direta ou indiretamente a rotina desses usuários de automóveis. 

Cassiano Isler – Foto: Researchgate

Um estudo do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica (Poli), desenvolvido por Enzo Gonçalves Yulita e orientado pelo professor Cassiano Isler, indica como o aumento na intensidade da chuva influencia na escolha de rotas no trânsito. Isler explica que a iniciativa partiu das discussões sobre a realidade das mudanças climáticas e seus impactos no sistema de transporte e comportamento dos indivíduos. “Nosso grupo de pesquisa no Laboratório de Planejamento de Transportes da Poli tem dado um enfoque na alteração do comportamento dos indivíduos em função desses eventos climáticos”, pontua. 

Processo do estudo

Os eventos climáticos, como ondas de calor e os temporais, têm influenciado os comportamentos das pessoas em relação ao uso do sistema de transporte ao alterar horários ou, até mesmo, cancelar as viagens. O objeto de estudo de Enzo Gonçalves Yulita torna-se exatamente esse: analisar a conduta dos usuários de automóveis no tocante à escolha de rotas em São Paulo.

Para alcançar esse objetivo, o pesquisador afirma que foi elaborado um modelo de “escolha discreta” que consegue explicar a influência das variáveis durante a decisão de uma rota pelo usuário.  “A ideia do modelo é chegar o mais próximo possível de reproduzir as escolhas que foram realizadas e esse modelo, uma vez validado, consegue calcular as probabilidades de cada rota”, esclarece Yulita. 

No processo de criação do modelo, precisou ser pensado um conjunto de rotas escolhidas e alternativas com as variáveis: distância percorrida, tempo da viagem e intensidade da chuva. O estudo ainda conta com uma parceria realizada com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a partir dos dados obtidos por seus radares meteorológicos. 

Resultados e aplicações

“Conseguimos concluir que as chuvas têm impacto na probabilidade de escolha da rota e acontece, sobretudo, com uma chuva máxima experimentada pelo usuário durante o seu percurso”, relata Yulita. Diante dos resultados, o autor do estudo destaca a sua aplicabilidade e importância para a gestão de uma rede viária. Em dias que os indicadores meteorológicos preverem temporais, o modelo poderia sugerir rotas alternativas para auxiliar no momento de escolha do motorista e, com isso, reduzir o tráfego e economizar o tempo de viagem, por exemplo. Haveria, assim, “um investimento mais preciso na rede de tráfego”. 

A posse de informação nessas situações é essencial, na visão do professor Cassiano Isler, na medida em que, com mais instrumentos para auxiliar a decisão, é possível evitar incidentes durante os temporais. “Acredito que um passo importante depois do trabalho do Enzo seria a possibilidade da integração dos resultados desses modelos em aplicativos, por exemplo, para auxiliar na tomada de decisão do usuário durante a viagem”, avalia o professor.  

Próximos passos

Yulita considera que, mesmo com um modelo muito completo – no sentido de apresentar um sistema funcional que possa servir de exemplo para outros –, ainda há aspectos que poderiam ser aperfeiçoados com um banco de dados mais equipado. Com resultados de maior precisão e funcionalidade, “haveria uma ferramenta de auxílio, tanto para os usuários quanto para a gestão, muito válida e que beneficiaria a todos”.


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