Recentemente, o Ministério do Turismo vem apresentando algumas turbulências com relação à ocupação de Daniela Carneiro como ministra do setor. O União Brasil, antigo partido da ministra, reivindica mudanças na pasta como forma de apoiar o governo no Congresso. O atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que tomará uma decisão após retornar de uma viagem à Europa que acontecerá no próximo dia 21.
Considerando as transformações previstas para o Ministério, uma temática importante volta a receber atenção: a participação desse setor na preservação ambiental. O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, explica que essa temática é essencial para o desenvolvimento de um olhar preservacionista.
Turismo e meio ambiente
O especialista relata que o cenário atual decorre da Constituição Federal de 1988, já que é a partir dela que definimos o presidencialismo de coalizão como forma de governo, ou seja, o chefe de Estado precisa buscar apoio no Congresso para governar com maior liberdade. Em alguns casos, o presidente consegue ser eleito junto com uma bancada majoritária — com partidos que já apoiam a sua candidatura —, contudo, o cenário atual é marcado por um governo federal de centro-esquerda em contraposição a um Congresso de centro-direita.
Côrtes comenta que é natural que ocorra a distribuição de Ministérios para os partidos que colaborem com o atual governo, caso do União Brasil com o Ministério do Turismo, mas, para além da questão política, é essencial o entendimento prático da questão. “As pessoas se esquecem da importância desse Ministério, porque nós temos um fluxo interno de turismo muito baixo, não está de acordo com o potencial do Brasil para esse setor”, adiciona. Assim, é notável que, por meio desse setor, haja a possibilidade de geração rápida de empregos.
A questão ambiental também entra de forma essencial para esse debate, já que a preservação de um ambiente que conhecemos é feita de maneira muito mais simples. O Brasil já conta com a presença de alguns parques ambientais bem organizados, como a região das Cataratas do Iguaçu, contudo, é necessário expandir essas áreas para que locais ainda não conhecidos pelo público passem a ser visitados com uma perspectiva ambiental.
Assim, para o especialista, é essencial que o Ministério do Turismo e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima passem a trabalhar em conjunto para a formação de uma estrutura adequada de visitas. “Eu fico muito triste ao verificar que há uma discussão política muito grande para definir quem vai ocupar a pasta, mas nenhum projeto é discutido”, discorre.
É importante notar também que o próprio turismo protege a questão ambiental, já que o desmatamento não vai ocorrer em áreas que estão sendo visitadas por turistas, assim, a própria atividade turística serve como uma forma de vigilância.
Desenvolvimento
O professor destaca que um dos pontos mais importantes para essa questão é o desenvolvimento de uma estrutura de segurança e acolhimento, que já vem sendo projetada em alguns locais de países vizinhos, como na Argentina, por exemplo. Eles são importantes, pois, além de colaborarem com a promoção de empregos e locais e auxiliarem a economia da região, promovem uma visão preservacionista.
A ocorrência de atividades criminosas nos locais também apresenta uma relevante redução com a promoção do turismo nesses locais, sendo interessante notar o desenvolvimento de uma visão própria a respeito do tema em cada um dos indivíduos.
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