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A reciclagem é o método mais conhecido para o tratamento de resíduos plásticos, mas só é utilizada após a produção de plástico e possui várias limitações para ser realizada. Assim, os biodegradáveis são boas opções para substituir parte dos plásticos produzidos.
O professor José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP, comenta: “Existem vários aspectos que precisam ser considerados para um material poder ser efetivamente biodegradável. Não adianta ser biodegradável se no ambiente em que ele vai estar não tiver as condições adequadas de biodegradação”.
Embora as condições de degradação e formas de descarte sejam questões importantes, é preciso unir a reciclagem a esses materiais para ter um maior impacto na gestão do lixo.
Custo
Além da ação conjunta com a reciclagem, a redução do custo de produtos sustentáveis é de grande importância para a ascensão do mercado de biodegradáveis. Mierzwa aponta: “Você tem um produto numa escala de produção muito menor. Além disso, para você produzir esse novo material precisa de etapas adicionais, então você ainda não tem toda a tecnologia completamente desenvolvida. Se ele tem um apelo melhor do ponto de vista ambiental, ele deveria ter um custo menor porque ele vai causar impactos menores”.
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Os consumidores brasileiros têm um crescente interesse nesses produtos, seguindo o cenário da pesquisa da empresa Kantar NS, na qual 72% dos consumidores preferem buscar alternativas biodegradáveis. O menor custo é um grande diferencial para o aumento da circulação desses produtos, sobretudo para o consumo doméstico.
Alternativas
O professor coloca o Brasil num bom patamar quando relacionado com a produção de biodegradáveis: “No sentido de pesquisa sobre embalagens biodegradáveis, os Estados Unidos têm, obviamente, pesquisas avançadas. Mas o Brasil, por conta dos produtos naturais, principalmente da cana-de-açúcar e mandioca, tem uma condição maior, uma condição melhor de trabalhar com isso”.
Mesmo com a presença da reciclagem e do emergente mercado de biodegradáveis no Brasil, além das condições de inovar nessa área, o problema ainda é grande quando apenas 4% do plástico é reciclado. Alguns países, como o Japão, utilizam parte do lixo não reciclável para gerar energia e isso ainda auxilia mais um mercado, o energético. “No Japão, até pouco tempo atrás, jogavam lixo no oceano. Teve um acordo internacional que proibiu isso. O Japão não tem área para ficar enterrando o resíduo, então eles coletam, segregam ao máximo e, o que não dá, vai para geração de energia. Assim, você consegue fechar o ciclo de forma mais adequada”, comenta o professor.
Retrato econômico
O lixo de um país diz muito sobre a situação econômica desse local. O Brasil mostra uma realidade subdesenvolvida. Por isso, é necessário um tratamento correto em conjunto com a reciclagem e os materiais biodegradáveis: “Depende de uma gestão mais efetiva, de você identificar nos resíduos não um problema, mas talvez um recurso”, pontua Mierzwa.
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