Fluxo migratório mundial, agravado no pós-pandemia, tem reflexos no Brasil

João Gilberto Belvel Fernandes Júnior diz que o Conselho Nacional de Refugiados analisou 70.933 solicitações de refúgio apenas no ano de 2021, o maior volume da década até o momento

 11/10/2022 - Publicado há 2 anos
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Estão chegando refugiados não só da América do Sul e Central, mas também da Europa e Oriente Médio – Foto: Guilherme Santos/Sul21.com.br

 

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A crise migratória que ocorre no mundo foi  agravada pela pandemia da covid-19. A Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados da Câmara dos Deputados afirma que cinco países respondem por 67% do deslocamento transfronteiriço no mundo: a Síria lidera, com quase 7 milhões de pessoas fora do país; a Venezuela é o segundo maior país com população deslocada no exterior; Afeganistão, com mais de 2,5 milhões; Sudão do Sul, com 2,2 milhões; e Mianmar, com mais de 1 milhão.

João Gilberto Belvel Fernandes Júnior – Foto: Reprodução/Fapesp

No Brasil, o trabalho das ONGs e principalmente do governo federal continuou com o acolhimento dos refugiados. Com o fechamento das fronteiras em função da covid-19, houve um decréscimo oficial, mas as travessias, porém, ocorreram de  forma irregular. Segundo o advogado João Gilberto Belvel Fernandes Junior,  cientista social pela Universidade de São Paulo, coordenador do projeto Reconduz (organização social sem fins lucrativos, que presta atendimento a imigrantes e refugiados), o fluxo ocorreu pela Amazônia, através da floresta, por rotas alternativas, através de Roraima.  

Estão chegando refugiados não só da América do Sul e Central, mas também  da Europa e Oriente Médio. A recente guerra na Ucrânia fez com que um grande número deles viesse para o Brasil.

Os refugiados afegãos fogem do regime implantado pelo Talibã desde agosto de 2021, quando tropas americanas deixaram o país depois de 20 anos. O governo atual se baseia no fundamentalismo islâmico, cujas normas sociais se baseiam na religião. Mulheres, sobretudo, perderam direitos e são as que mais sofrem com as sanções. Recentemente um grupo ficou morando no saguão do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. 

Diferentemente do que se imagina, é função do governo federal dar suporte e assistência humanitária a esses afegãos justamente em função de acordos políticos internacionais feitos antes mesmo da chegada desses grupos ao País. 

Fluxo migratório deve aumentar

Fernandes explica que o futuro do fluxo migratório deve aumentar de forma substancial em todo o mundo. Esse deslocamento da população  deve ocorrer em função de guerras e conflitos sociais que devem ser intensificados na próxima década. Além disso, o “refugiado ambiental” é a bola da vez, em função de mudanças climáticas com desastres naturais e escassez de recursos nessas regiões.

Durante o ano de 2021, o Conselho Nacional de Refugiados analisou  70.933 solicitações de refúgio, sendo esse o maior volume da década até o momento: 72,2% dessas solicitações foram registradas nas unidades federativas que compõem a região Norte do País e são resultado principalmente da migração de pessoas vindas da Venezuela para Roraima.

Levando em conta apenas 2021, quando 29.107 migrantes solicitaram refúgio no Brasil, o acréscimo é de 208 solicitações se comparado ao ano de 2020, momento em que o País recebeu 28.899 refugiados.


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