![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2022/10/10102022_crise-migratoria.jpg)
A crise migratória que ocorre no mundo foi agravada pela pandemia da covid-19. A Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados da Câmara dos Deputados afirma que cinco países respondem por 67% do deslocamento transfronteiriço no mundo: a Síria lidera, com quase 7 milhões de pessoas fora do país; a Venezuela é o segundo maior país com população deslocada no exterior; Afeganistão, com mais de 2,5 milhões; Sudão do Sul, com 2,2 milhões; e Mianmar, com mais de 1 milhão.
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2022/10/Joao-Gilberto-Belvel-F-Junior-300x300.png)
No Brasil, o trabalho das ONGs e principalmente do governo federal continuou com o acolhimento dos refugiados. Com o fechamento das fronteiras em função da covid-19, houve um decréscimo oficial, mas as travessias, porém, ocorreram de forma irregular. Segundo o advogado João Gilberto Belvel Fernandes Junior, cientista social pela Universidade de São Paulo, coordenador do projeto Reconduz (organização social sem fins lucrativos, que presta atendimento a imigrantes e refugiados), o fluxo ocorreu pela Amazônia, através da floresta, por rotas alternativas, através de Roraima.
Estão chegando refugiados não só da América do Sul e Central, mas também da Europa e Oriente Médio. A recente guerra na Ucrânia fez com que um grande número deles viesse para o Brasil.
Os refugiados afegãos fogem do regime implantado pelo Talibã desde agosto de 2021, quando tropas americanas deixaram o país depois de 20 anos. O governo atual se baseia no fundamentalismo islâmico, cujas normas sociais se baseiam na religião. Mulheres, sobretudo, perderam direitos e são as que mais sofrem com as sanções. Recentemente um grupo ficou morando no saguão do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Diferentemente do que se imagina, é função do governo federal dar suporte e assistência humanitária a esses afegãos justamente em função de acordos políticos internacionais feitos antes mesmo da chegada desses grupos ao País.
Fluxo migratório deve aumentar
Fernandes explica que o futuro do fluxo migratório deve aumentar de forma substancial em todo o mundo. Esse deslocamento da população deve ocorrer em função de guerras e conflitos sociais que devem ser intensificados na próxima década. Além disso, o “refugiado ambiental” é a bola da vez, em função de mudanças climáticas com desastres naturais e escassez de recursos nessas regiões.
Durante o ano de 2021, o Conselho Nacional de Refugiados analisou 70.933 solicitações de refúgio, sendo esse o maior volume da década até o momento: 72,2% dessas solicitações foram registradas nas unidades federativas que compõem a região Norte do País e são resultado principalmente da migração de pessoas vindas da Venezuela para Roraima.
Levando em conta apenas 2021, quando 29.107 migrantes solicitaram refúgio no Brasil, o acréscimo é de 208 solicitações se comparado ao ano de 2020, momento em que o País recebeu 28.899 refugiados.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.