“A Cinemateca Brasileira está em perigo”, alerta Giselle Beiguelman na sua coluna Ouvir Imagens da Rádio USP (clique no player acima). “O importante acervo da cultura visual do País corre o risco de se perder para sempre.”
A professora explica que este é um patrimônio que precisa ser preservado com urgência. “Na Cinemateca, estão depositadas a maior parte das imagens domésticas, filmes de todos os gêneros e bitolas, programas de TVs e jornais televisivos que o Brasil produziu ao longo dos últimos 100 anos. A Cinemateca é a memória viva do Brasil e o testemunho da grandeza que o nosso cinema atingiu ao longo da sua existência.”
As várias demissões, que incluem técnicos especializados, colocam em risco os equipamentos de ponta, que ficam subutilizados. “Esses equipamentos foram adquiridos a partir de grandes investimentos e tudo isso pode ser sucateado”, comenta.
A crise financeira da Cinemateca vem se arrastando desde 2013. “Essa crise está chegando a índices alarmantes. Os salários dos poucos funcionários que restam estão atrasados. A Cinemateca está com dificuldades de pagar inclusive a conta de luz, que pode ser cortada a qualquer momento”, destaca. “Um eventual apagão elétrico atingiria diretamente a área de conservação, pois impactaria a climatização das salas onde estão arquivados tesouros da nossa história, e a falta de refrigeração pode causar incêndios por processos de autocombustão das películas, um material altamente inflamável.”
Arquivos históricos de Glauber Rocha e grandes filmes que foram cuidadosamente restaurados pela Cinemateca podem desaparecer. “Para dar uma ideia do que está em risco, há filmes da Atlântida, da Vera Cruz e tudo o que restou do cinema silencioso brasileiro.”
Giselle Beiguelman ressalta: “Há uma petição on-line Cinemateca Brasileira Pede Socorro, que está para ser encaminhada ao governo federal através da Secretaria do AudioVisual (SAv), que tem à frente o roteirista Heber Trigueiro”.
Ouvir Imagens
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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