“Bebê Rena”: muito além dos simplismos

Giselle Beiguelman explica alguns dos motivos pelos quais a série está fazendo tanto sucesso mundo afora

 Publicado: 06/05/2024

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O tema desta coluna da professora Giselle Beiguelman é a série da Netflix, Bebê Rena, uma das mais comentadas e assistidas atualmente, a número um em 30 países. A série é produzida e roteirizada por Richard Gadd, que vive o protagonista Donny Dunn, um aspirante a comediante que tem seu mundo virado de cabeça para baixo quando uma mulher, de nome Martha (Jessica Gunning), aparece em seu bar e, a partir desse encontro, passa a persegui-lo incansavelmente, transformando a vida do personagem em um verdadeiro pesadelo. O que muitos não sabem é que a história é baseada em eventos reais vividos pelo próprio Richard Gadd. Mas, segundo Giselle, o impacto da série vai além do simples relato de uma perseguição obsessiva. Bebê Rena nos faz refletir sobre a complexidade das relações afetivas.
“O enredo e os personagens desafiam os clichês sobre perseguição, relacionamentos abusivos e tóxicos e até mesmo sobre identidade sexual. A profundidade, o humor, o sarcasmo e a inteligência dos personagens, especialmente do Donny Dunn, vão transformar cada um dos episódios numa espécie de confissão catártica. Bebê Rena também é uma série muito corajosa ao abordar um estupro entre homens adultos e o papel dilacerador de uma mulher, revelando nuances do jogo de sedução e poder no mundo atual”, diz a colunista. “Para além dos simplismos, a série foca justamente na nossa incapacidade de entender nossos sentimentos ou decisões. Quando o protagonista chega, enfim, à delegacia de polícia para denunciar a perseguição, o policial pergunta: “Por que não denunciou antes?”, e aí a resposta do protagonista é muito simples: “Não sei!”; e é nessa falta de resposta que nós encontramos milhões de razões para o que está sendo narrado. As reações do Donny Dunn vão desde empatia até raiva, acolhimento e uma profunda relação de dependência que ele estabelece com sua perseguidora, a Martha, uma personalidade supercomplexa e odiosa, interpretada brilhantemente por Jessica Gunning, e é esse conjunto de situações que confunde tanto o protagonista quanto o espectador”, finaliza Giselle.

Ouvir Imagens 
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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