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Em sua última coluna, Martin Grossmann abordou a presença da periferia nas centralidades da cidade de São Paulo na arte cinematográfica. Seu enfoque agora é nas artes visuais e na música. Nas artes visuais, um momento que considera de virada e de grande repercussão foi a ação de cerca de 40 pichadores na Bienal do Vazio, de 2008, no pavilhão que abriga essa exposição há quase 70 anos, no Ibirapuera, em São Paulo. O ato a que se refere aconteceu no primeiro dia de visitação daquela que foi a sua 28ª edição. “O ataque, ou uma performance, dependendo do ponto de vista, ocorreu no segundo andar do pavilhão, mantido vazio pela curadoria, como um gesto crítico e revisionista, o que acabou rendendo esse apelido de Bienal do Vazio. Foi estratégica e certeira essa manifestação, uma vez que a pichação se instala justamente no vazio projetado pela curadoria como gesto autorreflexivo e narcísico também, próprio de um movimento da arte pela arte”, diz o colunista.

Já na música, outra participação marcante da periferia, desta vez orquestrada pelo poder público, aconteceu também quando o hip hop foi convidado a participar da Virada Cultural. O marco, segundo Grossmann, foi o show dos Racionais MCs na madrugada do megaevento em 2007, na Praça da Sé, que acabou em um confronto entre policiais e público, gerando um grande mal-estar e acusações de lado a lado. Ele lembra que a intenção primeira da Virada Cultural é a de “operar como interface, convidando a população da megalópole a ocupar o centro da cidade, incentivando, assim, o convívio social através da cultura e possibilitando o acesso a diversas formas de arte, buscando reverter o esvaziamento da região central da cidade, potencializando seu uso e assim sua ocupação, e porque não o sentimento de pertencimento.”

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