Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (08), a professora Raquel Rolnik lança um olhar feminino sobre a cidade, tão importante, segundo ela, para transformar os projetos das edificações e os projetos urbanos, “mas raramente a gente vê exemplos concretos do que concretamente isso significa, além de questões, já muito assinaladas: por exemplo, a necessidade de cidades muito mais iluminadas, onde as mulheres possam andar com segurança e sem medo pelas ruas”. Nesse sentido, a colunista toma como exemplo a cidade de Viena, “pioneira em pensar a questão da mulher nos próprios projetos de habitação, isso desde 1920”, quando um primeiro projeto foi pensado na ideia de diminuir a carga de trabalho doméstico.
Em 1993, a capital austríaca lançou o Frauen Werk Stadt Model, um concurso de projetos de habitação pensados a partir do olhar da mulher. Um dos projetos é da arquiteta Franziska Ullmann e se destaca pela preocupação em relação aos espaços internos: “Muitos pátios internos, onde estão localizados os equipamentos e os espaços para as crianças brincarem, de modo que as mães, os pais também, possam, estando nas janelas, olhar o que está acontecendo com as crianças ali, que estão sozinhas, brincando, mas protegidas por esses olhares, coisas absolutamente prosaicas e simples como espaços para guardar carrinho de bebê, carrinho de feira, bicicleta, tudo isso que, nas nossas casas, nos nossos apartamentos, ‘onde é que vai colocar isso’? Bom, ali tem exatamente, num térreo, um lugar para colocar isso. Eu estou colocando exemplos muito simples, muito diretos, mas se a gente pensar que esse olhar e essa forma de uso de espaço tem que ser absolutamente definidora, a gente percebe o quanto os projetos, hoje, não são”.
Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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