A acuidade do inventário antológico de Paulinho da Viola reflete um nível de resistência do samba, como forma de preservação da axiologia bantu, que se percebe na exegese portelense da musica de Paulinho da Viola. A sofisticação léxica desse compositor se estabelece na negritude da tamboralidade do seu cordiofone herdado de um tribalismo urbano dos mais antigos compositores da velha guarda da Portela /. Paulinho da Viola trás uma espécie de tradicionalismo dialético no seu samba de contestação urbana, revelando nuances de uma época rural dos bairros cariocas, cuja possibilidade urbana era as praças musicais com protagonismo negro dos sambistas.
A postura acadêmica no comportamento da defesa de uma forma de existência que está fora da academia por ser um diverso estranho ao cânone eurocidental faz da juventude do pesquisador Tigana Santana um profundo depositário da epistemologia negra. Sua filologia densifica e redimensiona o repertório bantu e ioruba que na interpretação da diva Fabiana Cozza revela ainda mais a grandeza da nova safra musical da negritude, que nasce na universidade, mas dá uma feição mais diversa, trazendo a circularidade dos saberes sagrados da cosmovisão africana primogênita, que é base na pesquisa musical do erudito Tigana Santana.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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