Nesta semana, o Ambiente é o Meio fala de atropelamentos de animais nas rodovias brasileiras com o médico veterinário e professor Pedro Enrique Navas-Suárez, doutor em Patologia Experimental e Comparada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP.
Navas-Suárez é natural da Colômbia, formado em medicina veterinária pela Universidade de La Salle, em Bogotá. Durante o curso, relembra o pesquisador, desenvolveu interesse em patologia de animais silvestres que o levou à pós-graduação na USP, onde iniciou pesquisas envolvendo a relação entre comorbidades e atropelamentos, suspeitando que animais doentes poderiam ser mais suscetíveis aos acidentes.
Os números sobre o atropelamento de animais são alarmantes. Segundo o pesquisador, variam de 14 a 470 milhões de animais mortos em rodovias brasileiras todos os anos. “O que me chamou muito a atenção no meu mestrado foi que uma porcentagem grande dos bichos que vieram a óbito por atropelamento tinham doenças”, conta.
O desenho da pesquisa abrangeu múltiplas parcerias e regiões, menciona, com dados coletados principalmente em rodovias do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, totalizando 453 animais com condições adequadas para necropsia. “Dos 453 animais, a gente achou pouquíssimos nos quais uma comorbidade poderia justificar o óbito”, complementa.
Animais carnívoros são os mais afetados, de acordo com o professor, e as antas também são algumas das vítimas frequentes, representando riscos não apenas para elas, mas também para os motoristas, alerta. Além disso, Navas-Suárez alega que a presença de pesticidas, principalmente o chumbinho, em carnívoros levantou preocupações sobre seus efeitos neurológicos e possível influência nos atropelamentos.
Ambiente é o Meio