No dia 29 de junho, foi realizada a cerimônia de comemoração dos 20 anos do curso de Ciências Moleculares (CCM), no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, com a presença de professores e alunos do curso, além de dirigentes e ex-dirigentes da Universidade que ajudaram a construir o curso durantes estas duas décadas.
“É um dia extremamente importante para mim”, destacou a pró-reitora de Graduação, Telma Maria Tenório Zorn, em seu pronunciamento de abertura da cerimônia, pois, segundo ela, além de atualmente dirigir o órgão ao qual o curso de ciências moleculares está vinculado, foi coordenadora e ministrava as disciplinas de Biologia, que compõem a grade curricular do curso, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).
Em seu discurso, a pró-reitora falou também sobre a história da criação do CCM, que foi implantado na Universidade durante a gestão do reitor Roberto Leal Lobo e Silva Filho, de 1990 a 1993, porque achava que as ciências estavam muito separadas nos cursos da USP. “Comemoramos 20 anos de uma ideia visionária”, afirmou Telma, lembrando que o curso foi criado de modo experimental.
Ao falar do perfil dos alunos do curso, a pró-reitora ressaltou que 20% são egressos de escola pública, cuja principal característica é aceitarem e dedicarem-se ao desafio de ser cientista. Quando perguntada se esses alunos são superdotados, afirmou ela, “eles não são, porém têm a coragem de aceitar desafios”, o que se reflete na produção científica de qualidade. Muitos desses alunos, após o término do curso, vão trabalhar em indústrias de porte, em universidades, inclusive a USP, e realizam pós-doutorado no exterior. Telma encerrou sua fala dizendo sentir o fato da USP ainda não ter conseguido aplicar o modelo do CCM, com maior interdisciplinaridade, para outros cursos da Universidade, mas espera que um dia isto possa ser mudado, assim como demonstrou vontade de voltar a participar como docente do curso.
Ciência de forma integrada
Logo após a abertura, aconteceu uma mesa-redonda com a participação do ex-reitor Lobo; do pró-reitor de Graduação, Carlos Alberto Barbosa Dantas, na gestão de 1993 a 1997, que “cuidou do curso” – segundo palavras de Telma – quando ele ainda estava no início; do primeiro coordenador do curso, Hernan Chaimovich Guralnik, que também foi pró-reitor de Pesquisa, na gestão de 1997 a 2001; o professor do Instituto de Física, Henrique Fleming, e a coordenadora do CCM, Lucile Maria Floeter-Winter.
De acordo com Lobo, a ideia que deu origem ao curso teve o intuito de formar o novo cientista brasileiro, que pudesse juntar o conhecimento das várias áreas das ciências. “A criação deste curso valeu toda a minha vida acadêmica, se não tivesse feito mais nada, já teria valido a pena”, destacou.
O restante do dia também foi dedicado para celebrar a criação do curso, com sessão de pôsteres, palestras de ex-alunos, conferência e um vídeo com imagens e depoimentos sobre os 20 anos do CCM.
Uma das palestrantes foi Tie Koide, da oitava turma, que hoje é professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). Tie ingressou na Universidade no curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), pois queria trabalhar com bioquímica, fármaco e pesquisa e acabou mudando para o CCM, “por causa da visão multidisciplinar, oportunidade de transitar em várias áreas do conhecimento”, o que atualmente ela aplica em seu trabalho docente. “Só o conhecimento de biologia não basta, por isso, utilizo informática na minha linha de pesquisa de biologia sistêmica de microorganismos”.
A visão multidisciplinar também é apontada por outros alunos que deram depoimentos para a Sala de Imprensa, como Raphael Y. de Camargo, da sétima turma, que desistiu de cursar engenharia elétrica na Escola Politécnica (Poli) para fazer o CCM, pois gostava de pesquisa científica e “para trabalhar com pesquisa científica, esta área oferece todos os subsídios”. Atualmente, ele é professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), nas áreas de computação e neurociência, nas quais continua com os preceitos do curso, interagindo com biologia, física, computação, matemática e psicologia nas suas pesquisas.
Os alunos da mais recente turma do CCM, a vigésima, Mayara D’Auria Jacomassi e Gabriel Costa R. T. Almeida, também pensam da mesma forma. “O objetivo é aprender tudo de tudo. A gente conhece a linguagem de outras áreas também, não só de uma específica”, disse Mayara ao comentar a decisão de trocar Ciências Físicas e Moleculares pelo CCM. Para Almeida, vindo do curso de Engenharia Mecatrônica da Poli, o importante é a “oportunidade de estudar algo mais acadêmico e não só técnico, com o olhar de pesquisador de vários áreas, “misturando” computação com química, biologia”, que é a linha de pesquisa que ele quer seguir.
(Fotos: Ernani Coimbra)
Jornal da USP e Globo Universidade
O Jornal da USP, edição de 4 a 10 de julho de 2011, publicou um artigo e uma reportagem sobre o curso, que podem ser acessados clicando nos títulos abaixo:
Ciências Moleculares, 20 anos de trabalho
Um trabalho pioneiro, duas décadas depois
O programa Globo Universidade, da TV Globo, veiculado no dia 2 de julho deste ano, foi dedicado ao curso interdisciplinar de Graduação em Ciências Moleculares da USP. Clique nos links abaixo para assistir ao Programa.