O antropólogo e professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), Stelio Marras, deixou, em testamento, parte de sua herança – um imóvel em Poços de Caldas avaliado em R$ 25 milhões– para financiar bolsas de permanência estudantil para grupos minoritários. Essa é a maior doação recebida até o momento pelo Fundo Patrimonial da USP.
“Tornar pública a finalidade dessa minha herança, exclusivamente destinada a financiar bolsas de permanência estudantil de alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, é também uma aposta que faço em parte das elites brasileiras, que pode então passar a conhecer e, quem sabe, agir por orientação dessas iniciativas”, explicou Stelio Marras.
O anúncio foi feito durante um encontro promovido na manhã desta sexta-feira, dia 28 de junho, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), que reuniu dirigentes da Universidade e patronos que realizaram contribuições importantes para o Fundo Patrimonial da USP. Além de reconhecer a importância das doações já realizadas, o evento teve como objetivo divulgar a importância do Fundo e atrair novas contribuições.
“Essa reunião é uma pequena homenagem aos nossos patronos, em reconhecimento às doações feitas ao fundo patrimonial, que têm um papel fundamental para a promoção do conhecimento e da excelência acadêmica da Universidade. Também é uma oportunidade para estreitarmos a parceria com a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin”, explicou o presidente do Conselho de Administração do Fundo, Hélio Nogueira da Cruz.
O diretor da BBM, Alexandre Macchione Saes, deu as boas-vindas ao grupo e lembrou que a própria biblioteca foi criada a partir da doação da coleção de livros do bibliófilo José Mindlin e sua esposa Guita. “A BBM é um exemplo muito claro de como essa parceria faz sentido. A Universidade tem uma capacidade enorme não só para preservar esse acervo, mas, acima de tudo, para potencializar os estudos e disponibilizar o seu conteúdo para a sociedade, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre o Brasil”, afirmou Saes.
Em seguida, Cruz apresentou algumas das realizações recentes do fundo, especialmente a participação nas atividades ligadas aos 90 anos da USP, e falou sobre as próximas ações que estão sendo planejadas, incluindo o lançamento de um subfundo específico para o Museu Paulista e a organização de um segundo jantar de captação de recursos para o USP Diversa.
Além de Marras, também foram homenageados Sergio Comolatti, José Luiz Egydio Setúbal e a família Tassinari, representados por Eduardo, Carlos e Fernando Tassinari.
Em sua fala, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior ressaltou que “o orçamento da USP é composto, principalmente, de recursos públicos cujo valor pode variar de um ano para outro. Por isso, há uma pressão crescente para que encontremos outras formas de financiamento, uma diversificação. O fundo patrimonial garante maior estabilidade financeira à Universidade, para que não tenhamos alterações ou interrupções em nossas atividades. E também representa uma maior aproximação da Universidade com a sociedade, fortalecendo essa relação”.
“As universidades são vetores de desenvolvimento de uma sociedade. No Brasil, poucas são as universidades com capacidade para desempenhar esse papel. Por isso, é grande a responsabilidade da USP”, afirmou o reitor.
Homenagens
Para encerrar o encontro, os participantes fizeram uma visita guiada conduzida pelo curador da biblioteca, João Marcos Cardoso, que apresentou algumas raridades do acervo, como a prova tipográfica em que o escritor Graciliano Ramos muda o nome do livro, originalmente intitulado O mundo coberto de penas, para Vidas secas.
Estiveram presentes ao evento a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, dirigentes da Universidade, doadores e os conselheiros embaixadores do Fundo Patrimonial.
Fundo Patrimonial da USP
Fundo USP Diversa une empresários e filantropos para apoiar a permanência estudantil
Com um aporte inicial de R$ 5 milhões, doado pela filantropa Cristiane Sultani, e com apoio da cantora Marisa Monte, os recursos serão destinados à concessão de bolsas de permanência estudantil na USP
USP lança programa Patronos do Fundo Patrimonial para atrair doadores
Projeto é voltado para a captação de recursos de doadores de alta renda que queiram contribuir para a excelência acadêmica e o impacto social da Universidade
Na USP, o Fundo Patrimonial foi criado em 2021 e está alicerçado em uma visão de longo prazo e de impacto duradouro. Com governança independente e transparente, é composto de um fundo principal (irrestrito) e subfundos (de propósitos específicos) dedicados a projetos voltados, prioritariamente, para as áreas de ensino, ciência e inovação, cultura, diversidade, inclusão social e permanência estudantil, saúde, sustentabilidade ambiental e infraestrutura. O USP Diversa é o primeiro subfundo do Fundo Patrimonial da USP.
Em novembro do ano passado, foi lançado o programa Patronos do Fundo Patrimonial, voltado para a captação de recursos de doadores de alta renda que queiram contribuir para a excelência acadêmica e o impacto social da Universidade.
Além do programa Patronos, o fundo pode receber doações de pessoas físicas, de qualquer valor, por meio do site do projeto.