Em visita à USP, o presidente Emmanuel Macron inaugura o Institut Pasteur de São Paulo

A cerimônia aconteceu no prédio do InovaUSP, na Cidade Universitária, e contou com a presença da diretora do Institut Pasteur, Yasmine Belkaid

 Publicado: 27/03/2024     Atualizado: 02/04/2024 as 20:10

Texto: Erika Yamamoto

Institut Pasteur de São Paulo (IPSP), na Cidade Universitária - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O presidente francês Emmanuel Macron participou da cerimônia de inauguração do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP), na tarde desta quarta-feira, dia 27 de março.

“É um passo muito importante para o Institut Pasteur. Acredito que a busca por vínculos acadêmicos é um traço importante de uma história de parceria científica que existe entre nossos países. Todos esses pesquisadores desenvolverão uma produção incrível, mais forte do que as vicissitudes dos tempos em que vivemos. Acredito no desenvolvimento de uma estratégia de saúde integrada, unindo saúde humana, saúde animal e o conhecimento dos ecossistemas naturais. Parabéns aos nossos parceiros brasileiros por este trabalho. Ao fazer isso, trabalhamos para a ciência, por algo ainda maior que a relação entre França e Brasil, porque é universal”, afirmou o presidente Macron.

O presidente francês Emmanuel Macron cumprimenta a diretora do Institut Pasteur Yasmine Belkaid, tendo ao seu lado direito o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo e ao seu lado esquerdo o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, e Marco Antonio Zago, diretor da Fapesp

Sediado na Cidade Universitária da USP, em um espaço de 2 mil metros quadrados, o Institut Pasteur de São Paulo conta com 17 laboratórios – sendo quatro deles de nível 3 de biossegurança –, uma unidade de bioinformática e vários laboratórios multiusuários. Quando estiver em pleno funcionamento, abrigará mais de 80 cientistas do Brasil e de outros países, que realizarão pesquisas de nível internacional sobre doenças transmissíveis, não transmissíveis, emergentes, reemergentes, negligenciadas e degenerativas, inclusive as doenças neurodegenerativas progressivas.

“Com a inauguração do Institut Pasteur de São Paulo, estamos agora integrados a uma rede de vários laboratórios instalados ao redor do mundo. Isso eleva a pesquisa da USP, que já é reconhecidamente qualificada, a um novo patamar, com a presença de pesquisadores internacionais que trazem novas metodologias e acesso ao conhecimento gerado em diferentes regiões. Certamente, com a ciência que será desenvolvida aqui, estaremos mais preparados para enfrentar futuras pandemias, por exemplo”, explicou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Para a diretora do Institut Pasteur, Yasmine Belkaid, “a inauguração do Institut Pasteur de São Paulo confirma nosso forte compromisso com nossos parceiros brasileiros, de trabalhar em uma estreita parceria para a saúde de todos, tanto local quanto internacionalmente. Hoje, para responder aos novos desafios globais, é essencial estudar o impacto das mudanças climáticas na saúde e as condições de surgimento de novos patógenos. A comunidade científica deve se comprometer com uma abordagem plural e coletiva, por meio da criação de instituições multidisciplinares e internacionais”.

O presidente francês Emmanuel Macron se despede dos dirigentes da USP - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A cerimônia também contou com a presença do ministro da Europa e dos Assuntos Estrangeiros da França, Stéphane Séjourné; do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan; da diretora-executiva do Institut Pasteur de São Paulo, Paola Minopri; do presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago; do diretor administrativo da Fapesp e presidente do Conselho do IPSP, Fernando Menezes; do vice-presidente do Conselho do IPSP, François Romaneix; do presidente do CNRS, Antoine Petit; do embaixador da França no Brasil, Sylvie Lemmet; do cônsul-geral da França em São Paulo, Yves Teyssier D’Orfeuil; e de dirigentes da Universidade.

A visita à USP faz parte da agenda de compromissos do presidente francês no Brasil. Em São Paulo, além da inauguração do IPSP na Universidade, Macron também participou do Fórum Econômico Brasil-França e se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com empresários brasileiros na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Institut Pasteur de São Paulo

Integrante da Rede Pasteur, o novo Institut Pasteur de São Paulo realizará pesquisas no campo da biologia que contribuam para o desenvolvimento da saúde humana e promoverá atividades de extensão, educação, inovação e transferência de conhecimento e medidas de saúde pública, especialmente no contexto das mudanças climáticas. Esta é a primeira unidade do centro de pesquisa francês no Brasil.

O novo centro de pesquisa é resultado de um convênio firmado entre o Institut Pasteur e a USP, ainda em 2017. Pelo acordo, as instituições se comprometeram a desenvolver a Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU), inaugurada em junho de 2019, sob a coordenação conjunta da representante do Institut Pasteur, Paola Minoprio, e do professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, Luís Carlos Souza Ferreira.

Inicialmente, a SPPU contava com cinco equipes de pesquisa. Com a pandemia da covid-19, uma sexta equipe foi formada para estudar o vírus e a doença. A SPPU também aderiu à Rede USP de Diagnóstico de Covid-19 (Rudic), grupo de trabalho para diagnósticos em larga escala composto de diversos laboratórios do Estado de São Paulo. Atualmente, sete equipes de pesquisa atuam no instituto e, juntas, já publicaram mais de 90 artigos científicos.

O novo Institut Pasteur de São Paulo assumirá os direitos e obrigações da SPPU e permanecerá como membro associado da Rede Pasteur, que congrega pesquisadores de cerca de 20 países.

“Esta cerimônia marca o resultado de anos de colaboração dedicada com nossos estimados parceiros, incluindo a USP, a Fapesp, o Institut Pasteur e a Rede Pasteur. Representa um marco significativo não apenas para o nosso instituto, mas também para suas equipes talentosas, cujos esforços incansáveis transformaram nossa visão em realidade desde a sua inauguração em 2019. Com um compromisso inabalável, especialmente durante a pandemia da covid-19, deixou uma marca na história de nossa instituição”, afirmou a diretora-executiva do Institut Pasteur de São Paulo, Paola Minoprio.

Centro Internacional de Pesquisa do CNRS na USP

Além do Institut Pasteur de São Paulo, também no dia 27 de março, o presidente do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), Antoine Petit, inaugurou o Centro Internacional de Pesquisa “Worlds in Transitions” do CNRS na USP.

“O CNRS é a maior instituição de pesquisa pública francesa. Desenvolvemos pesquisas em todos os campos do conhecimento e a colaboração internacional é uma prioridade para nós. Procuramos sempre estabelecer a colaboração com as melhores instituições de pesquisa do mundo e a USP tem um papel especial entre as universidades brasileiras, como mostram os rankings universitários”, ressaltou Petit.

Para o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, “a USP acredita que a internacionalização é uma ferramenta extremamente importante para melhorarmos a formação de nossos alunos e qualificarmos nossas pesquisas. Primeiro investimos na mobilidade dos pesquisadores; depois, no desenvolvimento de pesquisas conjuntas. Agora, estamos procurando estabelecer parcerias com vários laboratórios internacionais, trazendo pesquisadores estrangeiros para trabalhar com nossos pesquisadores, estudando problemas em conjunto”.

Antoine Petit - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Antoine Petit - Foto: Marcos Santos

O centro deverá promover a colaboração entre as duas instituições na pesquisa e na formação acadêmica de alta qualidade, envolvendo tanto a governança institucional quanto a comunidade científica. As pesquisas se concentrarão, inicialmente, em sete áreas principais: humanidades, oceanos, descarbonização, biodiversidade, computação de alto desempenho, imunologia e tecnologias quânticas.

“Estamos muito satisfeitos com o fato de que o Estado de São Paulo atraia instituições internacionais do porte do CNRS, oferecendo condições e um bom ambiente para o desenvolvimento científico. Nosso principal desafio é traduzir para a inovação a excelência da pesquisa desenvolvida aqui. Nesse aspecto, temos muito a aprender com o CNRS”, afirmou o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, representando o governador Tarcísio de Freitas.

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Marco Antonio Zago, ressaltou que “esta colaboração entre o CNRS e a USP é parte da estratégia de trazer importantes instituições de pesquisa para que se estabeleçam permanentemente no Brasil, criando oportunidades para aumentar a colaboração científica internacional”.

Marco Antonio Zago - Foto: Marcos Santos

Esse será o quinto centro do CNRS em parceria com uma universidade. Já foram estabelecidas parcerias semelhantes com as universidades do Arizona e de Chicago (Estados Unidos), com o Imperial College London (Reino Unido) e com a Universidade de Tóquio (Japão).

Antoine Petit, diretor executivo do CNRS, e o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior descerram a placa de inauguração do Centro Internacional de Pesquisa do CNRS com sede na USP, ao lado de Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, e Vahan Agopyan, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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